Depois da Tempestade virá a Bonança?
Eu já havia esboçado meu artigo para a edição desta revista quando recebi a notícia do terremoto e tsunami ocorridos no Japão. Minha primeira reação foi procurar minha amiga Evelyn Kubota através do Facebook. Ela está bem; mora em Toyonaka, uns 400 quilômetros a sudeste de Tókio. Um case doméstico que prova que pertencermos à aldeia global. Em seguida deletei tudo para reescrever este artigo.
Após uma década de estagnação e um tímido crescimento em 2010, a economia japonesa, que caiu do 2ª para o 3º lugar no ranking das maiores economias do mundo, sofreu um duro golpe. Eles são duros na queda e trabalhadores; logo estarão de pé novamente.
Até este momento é impossível calcular o impacto econômico provocado pelo catastrófico acidente sismológico, mas já sabemos que empresas multinacionais foram obrigadas a paralisar suas atividades. A indústria automobilística também foi fortemente abalada e terá drásticas reduções na exportação de veículos e autopeças. A alta temporada turística, que ocorre por ocasião da florada das cerejeiras no fim de março e início de abril, também será prejudicada. Se o gargalo econômico não vier através dos danos nos processos de produção, fatalmente virão através dos danos causados às embarcações, portos, rodovias e outros meios de transporte e distribuição.
Por pior que seja, poderia ser ainda mais grave. A região nordeste do Japão é bem menos desenvolvida que a região metropolitana de Tóquio. Mesmo assim, caberá ao governo e ao povo japonês a tarefa da reconstrução. Historicamente, desastres desta magnitude ajudam a fortalecer a economia local ao longo dos anos; assim ocorreu em São Francisco (1989), Los Angeles (1995) e até mesmo no Haiti (2010) cuja economia saltou do patamar de irrelevância para o de insignificância.
A Terra do Sol Nascente haverá de se superar em longo prazo, mas até lá existem demandas mundiais a serem providas. Os países e empresas que melhor entenderem as oportunidades de mercado que deixarão de serem supridas pelo Japão, terão um hiato de oportunidades só vistos em tempos de primeira e segunda guerras mundiais.
Como diz o ditado: -”Enquanto uns choram, outros vendem lenços”.
Depois da tempestade virá a bonança? Claro que sim! Bonança é fruto do trabalho. Todos aqueles que trabalharem direta ou indiretamente na reconstrução do Japão ou trabalharem no proveito das consequências desastrosas do infortúnio ocorrido, experimentarão o doce sabor da bonança.
Hans Müller é sócio-diretor da White Oak Marketing
hans@whiteoak.com.br
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