Especial
Made in Brazil x Made out Brazil
Um panorama do recente giro internacional entre fixadores exportados e importados
Aparentemente, o Brasil é um relevante importador de fixadores, com exportação não tão significativa. Mas como a pandemia chacoalhou o mundo talvez uma inversão disso tudo, como exportar mais, não seja algo assim tão impensável.
Observe que o Brasil reúne sim condições para elevar esses volumes em níveis bem superiores aos atuais, até porque já se fazem fixadores aqui há mais de um século. Mas isso não ocorrerá sem processos de profunda modernização, sobretudo em leis e tributação.
Só para se ter uma ideia, uma prensa automática comprada por uma indústria italiana na própria Itália - numa fornecedora local como a Sacma ou Carlo Salvi - custa cerca de 35% menos do que o pago por um cliente brasileiro, segundo confirmou Ricardo M. Castelhano, diretor superintendente da Jomarca Ind. de Parafusos. E veja que o exemplo citado é a Itália, um país europeu, portanto, de custos bem maiores que os nossos.
E é, também, fundamental ressaltar que não há nem de longe um fabricante similar dessas prensas no Brasil, o que torna a alta tributação, apenas e tão somente, uma pedra que nós mesmos colocamos em nosso sapato.
Outra questão é a tributação dos empregos. Segundo o professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e colunista da Folha de S. Paulo, Marcos Lisboa, cada ponto percentual a mais na tributação do emprego formal fomenta 0,27% na informalidade.
Para sua melhor compreensão, apresentamos a seguir dados do Ministério da Indústria e Comércio (Mdic) envolvendo os volumes de importação e exportação desses manufaturados, classifi cados como parafusos, porcas, pregos, rebites e outros, num mix de itens feitos em aço, alumínio, cobre e ferro.
Porto de Navegantes, Santa Catarina - Brasil
Importação janeiro-junho 2020
O mercado brasileiro importou cerca de 52,5 mil toneladas entre janeiro e junho de 2020. Esse volume é 14% menor que o mesmo semestre de 2019, período que se repetirá nas comparações a seguir.
De acordo com o Mdic, esses itens Made out Brazil demandaram US$ 255 milhões (-17,9% menor que 2019). Os 10 maiores fornecedores (em US$ milhões) foram: China: US$ 61 (1,6%); EUA: US$ 39,2 (-15%); Japão: US$ 30,5 (-17,1%); Alemanha: US$ 26 (-29,4%); Taiwan: US$ 14,7 (-19,5%); Itália: US$ 12,5 (-33%); França: US$ 11,9 (-36%); Coreia do Sul: US$ 8,97 (-37,5%); Índia: US$ 8,18 (35%); Tailândia: US$ 5,23 (-13,4%); outros: US$ 37,44.
Exportação janeiro-junho 2020
Na mão oposta, a exportação de fixadores Made in Brazil durante o primeiro semestre de 2020 alcançou 10,1 mil toneladas (31.6% abaixo de 2019). O faturamento foi de US$ 67,21 (31,1% menor que 2019). Desse total, a líder em importação ao Brasil, a China só comprou US$ 366 mil (0,54% do total). Os dez maiores clientes dos brasileiros são: EUA: US$ 29,5 (-29,6%); Argentina: US$ 8,61 (-21,2%); Paraguai: US$ 4,28 (-25,5%); França: US$ 3,24 (-20,1%); México: US$ 2,49 (-31,9%); Chile: US$ 2,35 (8,4%); Alemanha: US$ 2,31 (-25%); Colômbia: US$ 1,62 (-12,3%); Bolívia: US$ 1,39 (-54,2%); Reino Unido: US$ 1,36 (-43,1%); outros US$ 9,87.
Importação 2019
Ao longo de 2019 o total importado foi de US$ 621,65 milhões (8,7% a menos que em 2018), totalizando 123,9 mil toneladas (6,7% menor que 2018). Os 10 líderes são: China: US$ 130 (-2,1%); EUA: US$ 95,5 (-1,4%); Alemanha: US$ 72,9 (-6,9%); Japão: US$ 72 (-8%); Itália: US$ 37,3 (-34%); França: US$ 34,5 (-9,4%); Taiwan: US$ 33,4 (-17,3%); Coreia do Sul US$ 27,3 (4,69%); Índia US$ 13,3 (18%); Tailândia US$ 11,5 (-18,9%); outros US$ 93,95.
Exportação 2019
A exportação 2019 alcançou US$ 193.93 milhões (20,7% maior que 2018), com mais de 29,5 mil toneladas (13,4% abaixo de 2018). Os dez líderes foram: EUA: US$ 79,7 (86,6%); Argentina: US$ 22,6 (-20,5%); Paraguai: US$ 13 (-18,1%); França: US$ 7,86 (-5,1%); México: US$ 6,64 (19,8%); Alemanha: US$ 6,076 (-32%); Bolívia: US$ 5,76 (-10,8%); Chile: US$ 4,97 (29,4%); Reino Unido: US$ 4,94 (39,7%); Índia: US$ 4,16 (-38,8%); outros US$ 37,81.
Obviamente, as exportações têm um nível de pulverização muito maior, com destinos inusitados como a britânica Ilha de Man, que registrou no ano passado a importação de US$ 18, enquanto a China comprou US$ 1,37 milhão, 0,71% do total exportado em fixadores Made in Brazil (28,8% menor que em 2018).
Fonte: Ministério da indústria, Comércio Exterior e Serviços