Concorrência
Era uma vez um grande navio de pesca, que ia e voltava ao mar, regularmente, ficando longos períodos em sua atividade externa.
Ao capturar peixes, os mesmos eram armazenados no porão da embarcação, tendo parte, ou a totalidade, da carga deteriorada ao descarregá-la no continente.
Os responsáveis decidiram buscar uma solução para melhor conservação dos pescados, onde a primeira ideia foi transformar o porão num grande tanque com água, para estocar e manter a carga viva, portanto, melhor conservada. Na primeira oportunidade, o novo método fracassou, já que os peixes, mesmo com a água, morreram antes do final da jornada marítima.
Após voltar à “prancheta”, os responsáveis colocaram, novamente, a embarcação e tripulação a caminho do alto-mar, mantendo, desta vez, tubarões vivos no tanque.
Quando os peixes recém-capturados eram embarcados, encontravam uma animada companhia para a longa viagem ao continente.
Resultado: a carga se manteve conservada até o desembarque, onde a dedução foi que os peixes teriam “morrido entediados”, sendo que a presença dos redadores os mantiveram atentos e em movimentos de fugas constantes, afim de evitar serem devorados.
Bem, esta parábola, que conheci durante uma palestra, nos faz lembrar sobre a importância da presença constante da concorrência, que pode até “nos devorar”, caso fiquemos estáticos, acomodados. É muito comum ouvir, ou ler, sobre os seus aspectos perversos, mas tentar apenas construir barreiras alfandegárias como forma de combate podem gerar efeitos colaterais, como vimos no período em que vigorou a reserva de mercado por aqui, ou redundar no mesmo efeito de enxugar gelo.
Contra-ofensiva: numa estratégia digna do general Sun Tzu (conforme o famoso tratado militar A Arte da Guerra) a Kodak, empresa norte-americana de produtos fotográficos, ao enfrentar uma concorrente em seu próprio território, a japonesa Fuji, como forma de defesa abriu uma unidade no Japão. Isso teria enfraquecido as ações da Fuji, já que ela teria que redirecionar recursos para a defesa em sua própria casa.
Evidentemente, no caso de parafusos, com as políticas brasileiras para o setor industrial, exportar para Ásia, por exemplo, ainda é um sonho.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
milatias@revistadoparafuso.com.br
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