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Parafuso de seda é a nova descoberta de cientistas americanos
Com proteína fabricada pelo bicho-da-seda, eles poderão substituir estruturas de metal utilizadas no tratamento de fraturas
Uma equipe de engenheirosmédicos da Escola de Engenharia da Universidade Tufts e do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC), ambos dos EUA, utilizaram a proteína de seda pura derivada de casulos de bichos-da-seda para desenvolver placas e parafusos cirúrgicos. A expectativa dos cientistas é que essas peças venham substituir as de metal usadas atualmente no reparo de ossos quebrados.
“Ao contrário do metal, a composição da proteína de seda pode ser semelhante à composição do osso. Os materiais são robustos e mantêm a estabilidade estrutural sob temperaturas muito altas e suportam condições ambientais extremas, além de serem facilmente esterilizados”, escreveu Samuel Lin, da Divisão de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva do BIDMC e um dos autores do estudo publicado na revista Nature Communications.
O experimento foi testado para reparar fraturas em ratos e obteve 100% de eficácia. Foram produzidos 28 parafusos, que ficaram implantados nos ossos das cobaias por quatro a oito semanas. Caso seja autorizado o uso em humanos, a nova técnica deverá substituir os dispositivos feitos em metal, oferecendo uma melhor remodelação óssea após lesão e ainda podem ser absorvidos pelo corpo ao longo do tempo, eliminando a necessidade de remoção cirúrgica após a cicatrização.
Segundo David Kaplan, engenheiro biomédico da Tufts, a seda também possui um tempo longo para inchar e, desse modo, consegue manter sua integridade mecânica mesmo quando entra em contato com fluídos e tecidos durante a cirurgia. “Nenhum parafuso falhou durante a implantação. Outra grande vantagem da seda é que pode ela estabilizar e distribuir componentes bioativos, de modo que as placas e parafusos de seda podem, na verdade, fornecer antibióticos para prevenir a infecção, medicamentos para melhorar o crescimento do osso e outros agentes terapêuticos para apoiar a cicatrização”, afirmou Kaplan.
“Como os parafusos de seda são radioluzentes (transparentes em raios-X), pode ser mais fácil para o cirurgião ver como a fratura está progredindo durante o período pós-operatório, sem o impedimento dos dispositivos de metal”, explicou Samuel Lin. “E ter um sistema eficaz em que os parafusos e placas ‘derretem’ uma vez que a fratura está curada pode ser o grande benefício. Estamos muito animados para continuar este trabalho em animais maiores e, finalmente, em ensaios clínicos humanos”.
Os pesquisadores da Tufts utilizaram proteínas de seda da espécie de mariposa Bombyx mori, cuja larva produz fios de seda. Produzida a partir das glândulas do bicho-da-seda, a proteína é dobrada em formas complexas, o que lhe confere propriedades únicas de resistência e versatilidade. Esse tipo de material não interfere em aparelhos de raios-X, não dispara alarmes e não gera sensibilidade ao frio como o metal.
*com informações de O Globo |