Entrevista
Sérgio Parasmo, novo diretor da indústria de fixadores Parasmo
Focado em atender o mercado automobilístico, empresário mostra como a atual gestão poderá beneficiar o negócio
Graduado e mestrado em administração de empresas, Sérgio Parasmo contabiliza um ano de direção ao lado de Alberto Spaziani, engenheiro politécnico e gerente da Engenharia. Antes de assumir a nova gestão, Sérgio, que acaba de completar 50 anos, teve uma passagem rápida pela instituição, até 1999, depois montou uma empresa de tecnologia, vendeu, trabalhou em outros segmentos, até ser convidado (em 2013) para voltar. Fechou o faturamento da Parasmo, no ano passado, em R$ 47,5 milhões.
Com formação familiar, fundada no Brasil em 1952 por seis irmãos italianos, a empresa sempre atuou no ramo de elementos de fixação, como porcas, prisioneiros, rebites, parafusos especiais e similares, conformados a frio e usinados. Sua atuação, desde o início, foi focada no segmento automobilístico, tendo como clientes as principais montadoras e indústrias de autopeças.
Sérgio nos conta em entrevista, a seguir, como é lidar com este mercado e o que espera para os próximos anos de direção.
Revista do Parafuso: Comente sobre a história da Parasmo e como você chegou à sua direção.
Sérgio Parasmo: Era o início da indústria automobilística no Brasil. Como havia necessidade de fornecedores, a família aproveitou essa oportunidade e decidiu fundar a empresa. Desde então, vem atuando no segmento de fixadores com foco principal nessa indústria.
Cheguei na empresa em setembro do ano passado, para dividir a direção junto com o Alberto, que está aqui há 26 anos. Sou descendente de um dos sócios, mas não tratamos disso como obrigação. Estou aqui por uma combinação de fatores, não por ser, necessariamente, alguém da família. Inclusive, o executivo que comandou antes mim veio do mercado. Hoje, eu cuido das partes administrativa, financeira, de qualidade e comercial e o Alberto comanda a engenharia e produção.
O que vocês mais produzem e para quem se destina?
Hoje, metade da nossa produção (50%) são porcas, 20% na parte de rebites para embreagens, e o restante é dividido em parafusos, prisioneiros, pinos e peças especiais. Quase 100% destinado ao setor automotivo.
Vocês visam aumentar a cartela de clientes para outros setores, sem ser o automobilístico?
Não temos planos pra mudar o setor de atuação, por enquanto. Acreditamos que o segmento automobilístico ainda apresente boas oportunidades, mesmo vivendo uma época de saturação e o mercado tenha pouca perspectiva de crescimento em 2015. Não quero dizer que não estamos olhando para outros segmentos, mas ainda não definimos os demais caminhos a trilhar.
Existe um processo de nacionalização importante (Inovar Auto) e queremos aproveitar isso, aumentando nosso faturamento e produção. Hoje, já conseguimos sentir efeitos, mesmo que tímidos, desse programa de nacionalização dos produtos.
Inovar Auto: Já conseguimos sentir efeitos favoráveis, mesmo que tímidos.
Vocês pretendem fazer investimentos na empresa?
Vivendo no nosso país fica difícil projetar. O fato é que acreditamos nesse mercado, estamos nele há mais de 60 anos e não pretendemos deixá-lo. Temos definida uma taxa de 3,5% do faturamento que é destinada aos investimentos, mas isso fica vinculado ao cenário que o Brasil e o mercado apresentam.
Os investimentos que prevíamos para este ano, por exemplo, não foram totalmente realizados, o que não quer dizer que não iremos investir. Somente postergamos um pouco, para acompanhar o crescimento da indústria. Felizmente temos espaço para crescer dentro da nossa área fabril e não será necessária uma mudança ou agregar um novo local.
Em relação a feiras e eventos, como vocês se portam?
Estamos numa fase de escassez de recursos. Todo o meu esforço está voltado para aumentar as vendas com foco no trabalho comercial. A melhor maneira de fazer isso neste momento, com o nível de recursos que tenho disponível, é o foco intenso no pessoal de vendas na rua. Não descartamos ações de marketing, mas nosso negócio é o B2B.
A empresa importa produtos?
Sempre após uma análise prévia de compra, nós acabamos trazemos algumas coisas de fora, mas não de peças prontas, somente matéria-prima. Grande parte do que fazemos é privilegiar o fornecedor local. Acreditamos que a melhor forma de atender bem os nossos clientes é se abastecer localmente, pois isso dá tranquilidade na resolução de qualquer problema, se houver.
Como você vê a relação entre os nacionais e internacionais?
Um determinado material consigo obter, na China, por exemplo, por um preço bem baixo, mas não garante que eu vá ter a mesma qualidade, as mesmas características que eu preciso do que quando compro de um fornecedor local.
A diferença entre eles não é muito grande. Lá fora é mais barato, sem dúvida, mas os custos que eu tenho pra trazer esse material, com logística, impostos e taxas, acaba quase em equilíbrio com o produto nacional. Outro fator pra se tornar viável uma importação é a quantidade de material. Os lotes têm que ser grandes e não é o que pretendemos fazer.
A indústria automobilísta é extremamente exigente com seus fornecedores e temos que ser exigentes com os nossos também. Já tivemos alguns clientes que nos procuraram para substituir importações, já que o produto não estava regular. Ou seja, de acordo com o mercado que algumas empresas atuam, compensa importar. Mas não é o nosso caso.
Se estivesse fora do mercado, entraria novamente?
Analisando friamente e racionalmente, deve haver investimentos que remunerem mais, com melhores oportunidades. Agora, acreditamos no segmento e é nossa obrigação levar adiante o business.
A indústria nacional, de uma forma geral, está um pouco sentida no momento, a situação não está muito fácil. Os fornecedores acabam sentindo o impacto de tudo isso, mais a concorrência forte e todas as dificuldades de se ter uma empresa no Brasil. O problema não é só pra você importar o produto, mas sim sobreviver nesse ambiente inóspito, onde temos que lidar com muitas variáveis.
O seu pai foi presidente do Sinpa. Você almeja ficar na mesma posição que ele?
É um trabalho importante, mas o nosso trabalho interno, com tantas demandas, acaba consumindo muito, e não sobra muito tempo pra pensar, nesta fase, sobre o assunto.
Como você avalia seu primeiro ano de gestão?
A empresa sempre foi bem gerida, não existe uma grande inovação. A gestão anterior tinha um viés muito mais comercial, e agora nessa nova divisão os pesos estão mais equilibrados. Como estamos levando juntos, eu e o Alberto, talvez seja a principal diferença para a direção anterior. Mas nada que mude a nossa atuação, forma de atendimento ao cliente, estratégia, nosso posicionamento e o desejo de buscar novos negócios.
Como você enxerga a Paramos daqui a 10 anos, quando voltarmos para entrevistá-lo?
Gostaria de ver essa empresa duas vezes maior, falando de produção e vendas. Esse é o sonho. Acreditamos e estamos trabalhando para isto.
Sérgio Parasmo
|