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Rebites podem ter contribuído para tragédia do Titanic
Foi descoberto o uso de rebites de baixa qualidade para a construção do navio
Pesquisadores que investigam e apuram o fato acontecido com o Titanic descobriram que a construtora pode ter utilizado rebites e materiais similares abaixo do padrão de qualidade – que os torna quebradiços e propensos à fraturas. As informações, divulgadas pelo jornalista William Broad, do The New York Times, mostram que esses materiais defeituosos condenaram o navio, deixando entrar toneladas de água do mar ocasionando a morte de mais de 1.500 pessoas.
Tal suspeita se confirmou após a leitura dos arquivos do próprio construtor, projetista da Harland & Wolff – empresa responsável pelo Titanic. Quando a segurança dos rebites foi questionada há 10 anos, a acusação seguiu ignorada. Cientistas afirmam que a escassez para a obtenção desses fixadores atingiu o pico na época, pois foram construídos os três maiores navios do mundo de uma vez: Titanic, Olympic e Britannic. Cada um deles demandou o uso de três milhões de rebites para a fixação dos materiais.
Além dos arquivos que comprovam a teoria, uma equipe recuperou 48 rebites do casco do Titanic para a realização de testes e simulações em computador. Foram comparados os metais do navio com outros da mesma época. Os cientistas dizem que os problemas começaram quando a construtora enfrentou escassez de rebites qualificados. De 1911 a abril de 1912, quando o Titanic zarpou, a diretoria da empresa discutiu o problema em todas as reuniões – cujo presidente Lord William Pirrie expressou preocupação com a falta de rebitadores e solicitou novas contratações. “Alguns materiais que a companhia comprou não eram de qualidade”, disse Dr. Timothy Foecke, do National Institute of Standards and Technology, em entrevista ao jornal americano.
As descobertas também envolveram os locais onde os rebites foram aplicados. A construtora utilizou materiais de ferro e aço, mas os de aço foram aplicados apenas no casco central do Titanic, onde as tensões são maiores. Os rebites de ferro foram escolhidos para a popa e proa. O estudo dos destroços mostra que havia seis costuras abertas nas placas da proa do navio. O dano, segundo Dr. Foecke, “termina próximo ao local onde os rebites de ferro se encontram com os de aço”. Especialistas argumentam que rebites melhores provavelmente teriam mantido o Titanic flutuando tempo suficiente para que os socorristas chegassem, salvando centenas de vidas.
Em contrapartida, a Harland & Wolff rejeitou a acusação. “Não havia nada de errado com os materiais”, afirmou Joris Minne, um porta-voz da empresa. Minne observou que um dos navios irmãos, o Olympic, navegou sem incidentes por 24 anos, até a aposentadoria. (O Britannic afundou em 1916 depois de bater uma mina). “É fascinante”, disse Tim Trower, que revisa livros para a Sociedade Histórica do Titanic, um grupo privado em Indian Orchard, Massachusetts. “Isso coloca um último prego nos argumentos e explica porque o incidente foi dramaticamente ruim.”

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