Editorial
O dono da festa e o cantor
Este editorial propõe um exercício imaginário, onde um grande astro da música é contratado para cantar numa festa particular, junto com seu coral e orquestra. O dono da festa é um sujeito, aparentemente, cheio de boas intenções. A contratação dos artistas não deixa dúvidas.
Chega o grande dia, a festa começa e os entusiasmados convidados, em meio a “tantas emoções”, se preparam buscando os melhores lugares. De repente, ouvem a primeira nota musical e os corações se abalam, e o artista solta a voz. Canta uma, canta duas, e canta outra até o momento em que o dono da festa sobe no palco e se aproxima do cantor, que meio sem graça continua a cantar. De repente, o anfitrião pega um microfone e tenta acompanhá-lo. Percebendo que ele não irá fazer feio, cantor e banda continuam. Empolgado, o anfitrião solta a voz e sai do ritmo. A orquestra vai para um lado e o anfitrião vai para outro. Vira um mico. Irritados e desanimados, os convidados, cantor e a orquestra prosseguem a “grande festa” com “cara de poucos amigos”.
A intenção desse texto é traçar uma comparação, tendo de um lado a sociedade e as empresas (representadas pelo cantor, orquestra e os convidados), e do outro lado o anfitrião (o governo). Os mais eficientes governos são gestores da facilidade, não da dificuldade. São aqueles que preparam a festa, mas assistem a uma distância segura. A melhor atitude, muitas vezes, é não ter nenhuma atitude. Tem que sair da frente, deixar a coisa andar sozinha. Em outras palavras, empresas, fornecedores e colaboradores devem negociar e trabalhar mais livremente.
Um bom exemplo dessa almejada liberdade, como busca pela eficiência, foi publicado recentemente numa entrevista do ex-presidente da Apple à revista Veja, na qual John Sculley disse: “o governo brasileiro tem que sair da frente das empresas para que o país se torne um polo de tecnologia. Com tanta burocracia fica impossível”.
Estão chegando novas empresas no Brasil, inclusive em fixação. Fusões, novas compras de fábricas e grandes investimentos são cada vez mais comuns. Temos até o caso de uma fábrica da Turquia – e não é novela – buscando parcerias com empresas nacionais.
Esperamos que ao chegarem, esses novos players não se assustem com o tema deste editorial.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
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