Editorial
Uberland
Em visita ao Rio de Janeiro em 2017 consultei o guichê de táxi, do Aeroporto Santos Dumont, onde a viagem ao meu destino custaria R$ 35,00. Com a tecnologia em mãos, eu sabia que a distância era 4,8 km. Fui ao shopping próximo no guichê do Uber, que cobrou ida e volta R$ 29,00. Construídos com dinheiro do povo, os aeroportos exploram justamente quem deveriam servir, em transporte, cafezinho, lanches...
Às vezes vista como vilã, a tecnologia tem servido mais a sociedade do que os governos. Exemplo disso é o Uber, que além de revolucionar o transporte tem sido o grande refúgio para desempregados de setores como a indústria. Mas, em breve, haverá muitos motoristas Uber de volta ao chão de fábrica. Um exemplo desses passa pela siderúrgica Gerdau, na unidade Mogi das Cruzes, SP, que produzia aços especiais com 350 colaboradores até 2014. Desde 2015 essa produção foi paralisada, reduzindo o quadro para 100 pessoas locadas em outros serviços. A Gerdau anunciou a reativação dessa aciaria para janeiro, podendo vir a contratar mais 110 funcionários, incluindo “Uber Drivers”.
Destino do aço, o setor automotivo teve altas em relação ao perverso ano 2016. Segundo a Fenabrave (federação das distribuidoras de autos e motos), somados todos os emplacamentos de automóveis, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros, o crescimento foi de 1,33%, 3.216.761 unidades contra 3.174.598 de 2016. Não considerando motos – que podem fechar o ano com 15% de expansão, em torno de 887 mil unidades – a produção automotiva fechou 2017 com 2,7 milhões de unidades, com forte impacto da exportação, segundo a Anfavea (associação das montadoras).
Beneficiado no campo social e econômico nesses tempos sombrios, o Brasil se tornou o 3º mercado do Uber e a cidade de São Paulo a líder global em viagens, tornando-se cada vez mais uma “Uberland”.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
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