Persona
Baixa competitividade: a raiz do problema
Carlos Rodolfo Schneider, empresário em Joinville (SC) e coordenadordo Movimento Brasil Eficiente (MBE)
É temerário estimular o crescimento pelo afrouxamento dos instrumentos de estabilização (metas de inflação, câmbio flutuante e preservação do superávit primário) como se tem ouvido falar com crescente frequência aqui no Brasil. Isso põe em risco o grande esforço feito pelo país, em um passado não tão distante, para recuperar a estabilidade monetária, além de desviar o foco das verdadeiras causas do baixo crescimento que são eminentemente estruturais.
Estudo feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial mostrou que a queda dos investimentos no Brasil não é consequência apenas da crise econômica mundial– o país está ficando muito caro para investir. O custo aqui é mais elevado do que na maioria dos emergentes e até em países desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, problema que se agravou especialmente a partir de 2003.
Sem investimentos adequados, não teremos suficiente geração de riquezas para alavancar o crescimento, nem infraestrutura para escoá-las. Estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo concluiu que o Brasil precisaria aumentar em três vezes os índices de desempenho da infraestrutura de transportes para não ficar em desvantagem na competição internacional. Falta volume de investimentos, mas faltam também projetos bem feitos, gestão adequada, seriedade e planejamento de qualidade.
A dívida pública bruta brasileira de 69% do PIB, superior a de países como México (44%), Colômbia (33%), Peru (20%) e Chile (11%), é mais um motivo para que não consigamos investir e crescer no ritmo desses vizinhos.
Olhando a questão pelo lado positivo, de transformar problemas em oportunidades, temos sem dúvida um potencial inestimável de alavancar a nossa expansão econômica, ancorado por significativas riquezas naturais e por um bônus demográfico que não deveria ser desperdiçado. Basta vontade política e senso de urgência, que talvez tenham que ser estimulados pela sociedade, a partir de um movimento estruturado e coeso das principais entidades da sociedade civil organizada. O Movimento Brasil Eficiente, que abraça campanha nacional pela simplificação da caótica estrutura tributária do país, vem trabalhando nessa direção e está aberto à soma de esforços.
Carlos Rodolfo Schneider
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