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Entrevista
22/04/2023 03h53

Entrevista

Jan Morr, diretora WIFI

Executiva fala da entidade norte-americana fundada e dirigida por mulheres desde 2009

Jan Morr (1) e Taryn Goodman (2), president WIFI

“The Little Lulu”, em sua versão original, A Turma da Luluzinha foi criada pela desenhista norte-americana Marjorie Henderson Buell (1904 - 1993). Seus personagens apareceram pela primeira vez em 1935 entre revistas de quadrinhos e desenhos animados. Foi um grande sucesso mundial, inclusive no Brasil. Entre seus personagens está o Bolinha (Tubby Tompkins), líder do grupo de meninos que integram o Clube do Bolinha, onde o imperativo é "Menina não entra!".

É de conhecimento geral o quanto o termo “Clube do Bolinha” significa para as mulheres, pelo menos no em nosso país. E mesmo diante das tímidas melhorias nas relações entre em todas as esferas da sociedade, há ainda muito a se avançar. Como março é o mês das mulheres”, nossa entrevista a seguir traz Jan Morr, especialista em vendas pela Hercules Bolt Company, da cidade de Nashville, no estado do Tennessee, EUA. Desde 1998 essa empresa atua na fabricação de fixadores pesados, itens entre 1/2'' a 4'' de diâmetro. Mas o destaque aqui é sobre a associação de mulheres especificamente no setor parafuseiro, a Women in the Fastener Industry (WIFI).

Membro do Conselho Administrativo desde 2019 e vice-presidente de 3 mandatos (2020-2022), Jan Morr – que não deu bola para nossa analogia sobre a Luluzinha e o Clube do Bolinha” – traçou um leve panorama do que é e o que faz a WIFI.

Revista do Parafuso: Fale sobre sua carreira.

Jan Morr

Passei pela Contabilidade e Gestão de Negócios em aços estruturais em 2007, atuando com parafusos estruturais em 2010, sendo hoje especialista em vendas pela Hercules Bolt Company, indústria que fabrica chumbadores e diversos tipos de fixadores pesados para aplicações em grandes estruturas. Num exemplo disso, o maior projeto que a Hercules Bolt Company trabalhou, envolveu diversos tipos de chumbadores destinados ao Hudson Yards Project, na cidade de New York, até hoje é o maior empreendimento imobiliário nos EUA.

Na WIFI buscamos oferecer experiências e oportunidades para mulheres em todos os níveis dentro do segmento industrial de fixadores.

Fale sobre a WIFI.

A Women in the Fastener Industry (WIFI) é uma associação que começou conectando mulheres atuantes no ramo industrial e comercial que envolve parafusos, porcas e diversos outros tipos de fixadores. Isso começou por meio da web, como o LinkedIn, outras mídias sociais e feiras de negócios. A iniciativa partiu das executivas Pam Berry (vice-presidente coproprietária da Advance Components - www.advancecomponents. com), e Mary Lou Aderman (presidente do Aderman Group), que se uniram para criar um espaço que fomentasse o empoderamento e o avanço das mulheres no setor de industrial de fixadores.

Na WIFI buscamos oferecer experiências e oportunidades para mulheres em todos os níveis dentro do segmento industrial de fixadores; para que elas se unam a fim de educar, orientar e encorajar umas às outras, com o propósito expresso de promovê-las nesse meio. Fundada em 2009, nossa associação é impulsionada por ideias progressistas, ações ousadas e uma base sólida de apoio, composto por mulheres membros e irmãos WIFI (membros honorários). Hoje em dia, os homens nessa indústria nos apoiam em 100%. É preciso muito trabalho em equipe, entre homens e mulheres, para mudanças e melhorias contínuas.  

Como você enxerga o papel da mulher em nosso setor?

Elas se ajustaram muito bem entre todas as funções, de assistentes administrativos até presidentes de empresas. Entre nossas indústrias, os homens apreciam o tipo de atendimento ao cliente que as mulheres trazem. Um desafio aqui é que nossas mentes não operam mecanicamente e temos menos experiência prática. Gosto muito de circular pelos centros de armazenamento e distribuição, de colocar olhos nas linhas de fabricação dos nossos produtos, poder falar de forma inteligente com engenheiros e operadores em geral.

Até o início dos anos 2000 havia um domínio dos homens, tal como tem sido em muitas outras indústrias, como o segmento da construção.

Qual é o percentual que vocês estimam entre "homens vs. mulheres" nessa área?

Até o início dos anos 2000 havia um domínio dos homens, tal como tem sido em muitas outras indústrias, como o segmento da construção, por exemplo. Estimamos que na época estava entre 95% homens vs. 5% mulheres. Provavelmente, estamos hoje perto de 80% vs. 20% respectivamente, com o número de mulheres sempre aumentando continuamente, ano a ano.

Barradas ao longo da história, as mulheres chegaram mais tarde a diversos mercados de trabalho. O que pensa sobre?

Ok, as mulheres chegaram mais tarde ao mercado de trabalho – no entanto, existe o medo de entrar em unchartered waters (águas desconhecidas), e isso ocorre tanto para homens quanto para mulheres. Leva tempo para desenvolver todos os setores. Assim como homens e mulheres podem ser médicos ou enfermeiros hoje em dia... os estereótipos anteriores das carreiras de homens e mulheres sofreram uma mudança dinâmica na última década.

Quantos membros a WIFI possui, com que frequência vocês se reúnem, quais são seus principais eventos e ações?

Temos cerca de 600 pessoas associadas, entre mais de 300 empresas em todo o país, e vários deles são internacionais. Temos uma reunião anual para todos associados. Mantemos grande presença nas feiras do setor de fixadores, com estandes na Fastener Fair USA, em Nashville, TN (www.fastenerfairusa.com), na International Fastener Expo – IFE, em Las Vegas, NV (www.fastenershows.com), além do Mid-West Fastener Association Annual (www.mwfa.net).

Quem pode se associar ao WIFI e, além de network, quais seriam os principais benefícios?

Qualquer pessoa da indústria de fixadores pode ingressar. Network, educação e conexão são o foco principal do WIFI. Oferecemos quatro bolsas de estudo na indústria de fixadores e adicionamos uma quinta bolsa em 2023. São três para treinamento e aprimoramento; duas para participar das feiras Fastener Fair USA e da International Fastener Expo - IFE.

Jan Morr
Diretora da Women in the Fastener Industry, EUA
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