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PetroSolar
Governo e gigantes da mobilidade deveriam mirar o Sol e a sociedade
Mesmo com variações de intensidade regional na Terra ao longo dos 12 meses do ano, de fato sabemos que o Sol nasce para todos. Sabemos também que podemos obter muita energia limpa dessa fonte infinita. Portanto, isso dispensa qualquer protelação de projetos, investimentos, ações diretas e imediatas nesse campo.
Nações do Hemisfério Norte, altamente desenvolvidas, estão em estágios bem mais avançados que o nosso, tendo colocado alta prioridade no tema. E muitas dessas nações não contam com níveis de radiação solar tão intensos quanto se tem no Brasil.
Comparando, segundo dados do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental - 2013, a região menos ensolarada do Brasil apresenta índices solares em torno de 1642 kWh/m². Enquanto isso, a região mais ensolarada na Alemanha orbita em 1300 kWh/m² (SALAMONI E RÜTHER, 2007). Em 2022, na Alemanha foram gerados 58,461 MW em energia solar, contra 13,055 MW no Brasil.
Relembrando, antes da Crise do Petróleo, na década de 1970, seria maluco pensar numa empresa como a Petrobras volvendo os olhos para a cana de açúcar, matéria-prima do álcool, até então usado em limpeza e assepsia, na produção doce e cachaça. Nesse sentido, poderia existir aqui uma “PetroSolar”, em alusão à Petrobras, algo que além de oportuno seria muito sensato, sobretudo porque a mobilidade da nova era demandará muita energia.
"A gente não vê as grandes companhias de petróleo da América Latina sendo tão agressivas [em energias renováveis] como as europeias", disse Herve Duteil, diretor de Sustentabilidade BNP Paribas para as Américas (em texto de fevereiro passado na Folha de S. Paulo).
Além disso, considero que as autoridades governamentais, preocupadas com possíveis reduções de receitas das demais matrizes de energia elétrica, já começaram a jogar um jogo de taxações sobre novas instalações solares, fator que nos levará à inibição de investimentos.
“Após o novo Governo Federal assumir, as concessionarias tradicionais de energia passaram a ditar as regras gerais. Assim, nós do setor de energia fotovoltaica ficamos acuados e em desvantagem. Pior, na contramão do cenário internacional que tem priorizado a energia limpa”, disse Carlos Evangelista, cofundador e presidente do Conselho da Associação Brasileira de Geração Distribuída – ABGD.
Por aqui, a energia solar ainda está fase de novidade, mas tem um lado muito bom porque há ainda muito a ser implementado. E considerando o barateamento contínuo dos equipamentos para a captação e conversão, o horizonte é promissor, nos levando a imaginar num futuro bem próximo um cenário com “um sol de rachar” no telhado de uma residência popular, sendo ele ao mesmo tempo a fonte de energia para o ventilador, o televisor e até o carro da família.
Eduardo J. Bragança Lopes
Bacharel em Direito, administrador, gestor de negócios e marketing, é diretor-fundador da Inox-Par Parafusos e Belle System, além de ser diretor da Associação Brasileira de Geração Distribuída - ABDG, e atuante no terceiro setor, sendo autor do projeto “Violência é uma Droga / Iluminando Famílias”, incluindo o projeto “Quilowatt do Bem”, associação focada em levar energia fotovoltaica ao terceiro setor por meio de doações em equipamentos ou em créditos de energia para creches, abrigos. Escolas e projetos sociais. eduardo@inoxpar.com.br