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Entrevista
06/08/2015 11h12

 Entrevista

 

Sustentabilidade mesmo ou é só marketing?  

 

Marcus Nakagawa, professor da ESPM e presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade  

 

 

RP: As empresas usam o termo sustentabilidade por acreditar na causa ou como marketing?

Marcus Nakagawa - Realmente a percepção de que as empresas estão utilizando esta “moda” como forma de se diferenciar no mercado é grande. Afirmo: realmente estão fazendo isso, colocando mais este valor na sua marca. E esta atitude não é “pecado” ou sacanagem, quando feito de forma verdadeira e que se possa comprovar as ações e resultados. Agora utilizar isso pura e simplesmente como uma maquiagem verde, ou seja, falar que está fazendo e não está, passa a ser um problema ético. São práticas ilegais e antiéticas de mercado da mesma forma como é maquiar o balanço contábil, como mentir sobre um benefício técnico de um produto ou como utilizar trabalho escravo.

Não é um movimento criado por alguns grupos?

Existem os céticos ambientais, principalmente ligados às questões do aquecimento global, um dos vilões da sustentabilidade, que comentam que este movimento é feito pelos “melancias”, como no livro “Os melancias: como os ambientalistas estão matando o planeta” (Ed. Topbooks), do jornalista James Delingpole, que coloca que as pessoas são verdes por fora e vermelhos por dentro. Ou seja, os “Neocomunistas” brigam contra o capitalismo e o consumismo desenfreado e querem um comunismo adaptado levando em consideração o meio ambiente. Ainda classificam as pessoas que estão levando o movimento da sustentabilidade nas empresas, nas escolas, no governo e nas ONG´s como “ecochatos”, “biodesagradáveis” ou ainda “social-boring”.

Mas afinal de contas, enfrentamos ou não uma crise ambiental?

Foi produzido um vídeo “A Grande Farsa do Aquecimento Global”, disponível na internet, sobre o outro lado do aquecimento global, mostra exatamente os argumentos de alguns cientistas que discordam sobre o tema. Dizem que não é verdade que o CO2 liberado pela atividade humana é a causa da elevação da temperatura global.

Toda essa questão não pode ser apenas especulação?

Existem as teorias da conspiração sustentando que o mundo é governado por algumas famílias donas de várias holdings e grupos empresariais no mundo e que estes grupos de famílias inserem os temas principais a serem divulgados e mobilizados, e que desta vez é a tal da sustentabilidade e o aquecimento global a serem discutidos.

E como essa questão é tratada dentro das grandes corporações?

Nas empresas, os colegas que trabalham com o tema da sustentabilidade acabam desmotivados pela velocidade de implementação dos projetos, política e produtos ligados ao tema. Sempre existe uma barreira, uma pessoa que não entende, uma verba que falta ou ainda um descompasso do próprio gestor de sustentabilidade de entender o link entre o negócio e o tal do desenvolvimento sustentável. Tirando os negócios sociais, as empresas que já nasceram com este propósito ou as grandes empresas, parece que o foco é ainda no tradicional, no status quo, na inovação zero.

E nas pequenas empresas, é um tema que chega a ser abordado?

Este lado sombrio da sustentabilidade é maior ainda quando vamos para o dia a dia de empresas pequenas, médias ou naquelas áreas tradicionais da gestão. Desenvolvimento sustentável vira uma atividade de uma área em que trabalham pessoas boazinhas e que gostam de abraçar árvores, macaquinhos e crianças que passam por necessidades.  

Recentemente até uma cantora de funk foi considerada pensadora. Nada contra o funk, mas temos que tomar cuidado com os rótulos.  

Como você vê toda essa discussão hoje no Brasil?

Realmente, ainda há muito o que mobilizar e comunicar. Principalmente quando ainda temos ícones de poder, beleza e sabedoria duvidosa. Recentemente até uma cantora de funk foi considerada pensadora. Nada contra o funk, mas temos que tomar cuidado com os rótulos.

As empresas e pessoas estão se mobilizando de alguma forma?

Sim, claro. Tanto no Brasil como fora diversos fóruns, encontros e diversos outros eventos são realizados com muita frequência. O que me dá a certeza de que o movimento da sustentabilidade não é só uma marola. Destes eventos participam grandes empresas, personalidades, além de ONGs que levam o tema em consideração. Estas grandes companhias possuem equipes, departamentos, orçamentos e muitas ações só focadas neste tema. Empresas estas, que, com certeza, têm grandes impactos social, ambiental e econômico. Mas acredito que não investiriam verbas em programas de desenvolvimento sustentável à toa.

Você pode dar um exemplo de iniciativas?

A Unilever, por exemplo, que tem seus produtos no nosso dia a dia, acabou de lançar o seu relatório de sustentabilidade de 2013 num evento com especialistas e formadores de opinião. O seu documento mostra um grande ganho ambiental, que foi encerrar o envio de resíduos para aterros sanitários de todas as suas operações fabris no nosso país e também uma importante parceria com a Unicef em prol do saneamento básico no Brasil.

Se você fizer um levantamento sobre as empresas que estão migrando para a economia verde, vai encontrar um Google que acabou de firmar uma parceria com a Sun Power Corp., empresa especializada em energias renováveis. Juntas elas criaram o fundo de US$ 250 milhões que torna a energia solar mais acessível aos norte-americanos.

O projeto “Go Solar”, que teve alta repercussão nas mídias sociais, tem o fundo como ponto de partida, pois as empresas, ao comprar a tecnologia de energia solar, aluga a um custo financeiro menor que as médias das faturas de eletricidade.

Mas estas ações focadas no meio ambiente e no social são somente para empresas gigantescas ou grandes?

Não, existem empresas pequenas como a Barriga Verde, que é uma churrascaria de São Luís (MA), que separa e vende seus resíduos para recicladores, economiza energia e água, e transforma óleo usado de cozinha em sabão e cinzas das churrasqueiras em adubo para a horta.

E como é a preparação destes profissionais hoje?

Tenho clareza que os casos acima são spots dentro de todo um mar de empresas e ações. Atividades específicas que comparadas ao modelo econômico tradicional de compras e vendas de produtos, serviços e ações acabam sumindo pela sua especificidade. Porém, vejo nas salas de aulas que existe um pré-conhecimento sobre o assunto ainda tímido e sem muito lastro. Mas toda vez que é apresentado o conceito e as práticas das empresas sobre o desenvolvimento sustentável, faz muito sentido para as pessoas. Geralmente elas acabam se identificando pessoalmente e depois conseguem transferir os conceitos para as empresas.

O movimento está aumentando cada vez mais, existe até na área de formação política a RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), que é uma entidade civil, sem fins lucrativos, de natureza apartidária, com pluralidade ideológica, cuja missão é contribuir para o aperfeiçoamento da democracia e do processo político brasileiro por meio, principalmente, da identificação e apoio a atuais e novas lideranças políticas.

Então, não é apenas marketing?

Seja marketing ou crença nas empresas, a lógica econômica é ganhar dinheiro, obter lucro. O movimento da sustentabilidade está aí e faz sentido para as pessoas que a conhecem profundamente. A inteligência está em juntar estas plataformas, que inicialmente parecem contraditórias, e colocar na estratégia da empresa. E ir além, implementar e estar no dia a dia da empresa, das pessoas e dos públicos de relacionamento. Uma certeza eu tenho, o caminho da sustentabilidade é sem retorno e necessário.  

Marcus Nakagawa
Sócio-diretor da iSetor; professor da ESPM; idealizador e presidente
do conselho deliberativo da Abraps (Associação Brasileira
dos Profissionais de Sustentabilidade); e palestrante sobre sustentabilidade,
empreendedorismo e estilo de vida.
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