Anand Sharma, o guru da produtividade
Consultor de grandes companhias como Avon, Delphi e Mercedes-Benz, Anand Sharma diz que pequenas e médias empresas também podem utilizar as metodologias atuais para crescer e se tornarem mais competitivas
Durante o workshop “A Máquina Perfeita”, realizado em São Paulo (SP), a Revista do Parafuso entrevistou Anand Sharma, presidente mundial e fundador da TBM Consulting, uma das mais importantes consultorias de gestão de processos do mundo. Atualmente, a empresa dispõe de 127 consultores, distribuídos entre Estados Unidos (matriz), Canadá, França, Suíça, Reino Unido, México e Brasil.
Dirigido a executivos das áreas de manufatura, distribuição e embalagem e a fornecedores em geral, o evento abordou como as empresas podem ser mais competitivas, mantendo suas atuais estruturas. Na ocasião, o diretor superintendente da TBM na América Latina, Carlos Louzada, e o consultor Washington Kazuo Kusabara participaram da apresentação do Sistema LeanSigma® de Produção, que alia a velocidade e a eficiência do Lean Manufacturing com a qualidade do Six Sigma. De acordo com a TBM, este sistema leva cerca de dois meses para ser implantado e os resultados — aumento da produtividade e redução do prazo de entrega, de custos internos e de estoques — são percebidos rapidamente.
Anand Sharma, co-autor do livro “A Máquina Perfeita”, deu suporte a várias empresas para obtenção da melhoria contínua aliada à diminuição do desperdício, entre elas, Bunge, PSA Peugeot Citroën, Avon, Delphi, Mercedes-Benz e Maytag. Em entrevista à Revista do Parafuso, ele explicou que mesmo as empresas de pequeno e médio porte podem se beneficiar das metodologias atuais, na busca pelo crescimento, desde que as ações sejam bem planejadas e executadas.
RP (Revista do Parafuso): As metodologias modernas não parecem ser feitas apenas para as grandes empresas, deixando fora do contexto as de pequeno e médio porte?
Anand Sharma: Nos últimos quatro anos, a TBM vem realizando, na Índia, eventos com a participação simultânea de cerca de quatro empresas de pequeno porte (média de 15 funcionários cada). São selecionados dois membros de cada uma, formando um grupo para receber treinamento e executar as tarefas. Além de ser mais econômico, este método evita que a empresa paralise sua força de produção. Cada uma paga uma parcela do programa e todas compartilham ações e experiências.
Carlos Louzada, diretor superintedente da TBM na América Latina, explica o sistema LeanSigma
RP: No Brasil, o que mais chama sua atenção com relação às empresas e à atitude das pessoas ligadas a elas?
Sharma: A vontade de aprender cada vez mais sobre metodologias e tecnologias e também o baixo custo da mão-de-obra. Adquirindo conhecimento e implantando melhorias na qualidade e na velocidade de produção, as empresas brasileiras podem se tornar parceiras de grandes companhias mundiais. Pesquisas recentes realizadas com altos executivos de vários países concluíram que as empresas do grupo denominado “BRIC” (iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China) têm tanto potencial para evoluir quanto para “explodir”, caso não façam nada.
RP: Quais suas sugestões para os empresários brasileiros, em especial os de pequeno e médio porte?
Sharma: Eles devem manter a “visão”, ou seja, pensar sempre em como e onde querem estar nos próximos 3 a 5 anos, e não temer as mudanças. Devem motivar as equipes e liderar pelo exemplo, participando diretamente de todas as ações e apoiando para que tudo saia como o planejado.
RP: Que países podem ser considerados bons exemplos?
Sharma: Japão e Estados Unidos, porém o que mais importa é planejar e implementar as mudanças.
RP: O que representa o livro “A Máquina Perfeita”?
Sharma: É muito mais do que um guia de como fazer as transformações. Não é uma literatura teórica e sim prática, ensinando passo-a-passo, recomendável inclusive para as pequenas e médias empresas.
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