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Case: Uma vida dedicada ao parafuso
28/02/2007 01h36

Há 55 anos, Mauro Nogueira de Carvalho trabalha no comércio de fixadores metálicos e, além de muita história para contar, leva uma bagagem privilegiada de conhecimento

       
               Mauro Nogueira de Carvalho
Em todos os segmentos, há profissionais que são exemplos de perseverança. No setor parafuseiro, um deles chama-se Mauro Nogueira de Carvalho, que atualmente trabalha na Sogil Parafusos e Ferramentas. Mauro começou sua carreira como lojista em 1952, quando ainda eram poucos os revendedores de fixadores metálicos. “Naquela época, as montadoras e fábricas de autopeças estavam começando a se instalar no País e não havia muitos representantes de parafusos por aqui. Com­právamos os produtos diretamente dos fornecedores e vendíamos para os fabricantes de automóveis e peças, além de lojas do interior do estado.”
Na ocasião, Mauro lembra que os parafusos eram fei­tos em prensas e tinham o acabamento bastante rústico. “Muitos não encaixavam nas porcas, pois as roscas eram irregulares. Isso porque as fábricas eram muito pequenas e começaram a trabalhar com tecnologias mais avançadas apenas na década de 60. Sem contar que o prazo para entrega era de 30 a 60 dias e não havia estrutura para se fazer estoque.” A partir dos anos 70, o setor automobilístico registrou um grande aumento nas vendas e também no desenvolvi­mento de novos modelos. “Com isso, por volta de 1974, tivemos um crescimento entre 200% e 300% nas ven­das de fixadores. Aí, com a grande demanda, os preços também subiram. Passamos a fazer estoque, porque não conseguíamos dar conta de atender a todos os pedidos.”
      
José Chiarela (Elbrus) e Mauro Nogueira de Carvalho, durante inauguração da nova           sede da Almeida e Cia. em 1982, no bairro do Brás, em São Paulo
Entretanto, Mauro conta que este crescimento da indús­tria resultou também em maior concorrência. “Surgiram novas fábricas de fixadores, novas lojas, os preços caíram e veio a crise no setor. Muitos comércios fecharam, pois não conseguiram acompanhar o processo.” No início da década de 90, outro fator contribuiu para as dificuldades do segmento parafuseiro, o Plano Collor. “Além de reter os recursos que tínhamos nos bancos, o capital da loja, o então presidente Fernando Collor abriu o mercado para os produtos importados, aumentando ainda mais a concorrência.” Mauro diz que, em 1995, seu negócio passou pela maior das crises e teve que vender a empresa. Mais tarde, o comerciante, com sua grande experiência em fixadores metálicos, partiu para outro desafio. “Abri uma outra loja e trabalhei até 1999, quando me aposen­tei. Mas, não consegui ficar longe deste mercado. Fui convidado pela Sogil para voltar ao comércio e es­tou aqui há seis anos.

Loja da Sogil em São Paulo - Capital
A empresa é dirigida pelo Ronaldo Leal de Mello e sinto que posso contribuir muito com a minha experiência para o crescimento profissional do pessoal mais jovem que trabalha comigo.” Entre os momentos importantes do setor parafuseiro, Mauro participou da criação da primeira fábrica de para­fusos de aço inoxidável, a Indupar. Ele também fez parte do grupo que fundou a Adefix (Associação dos Distri­buidores de Elementos de Fixação) que, mais tarde, se tor­nou Abradefix (Associação Brasileira dos Distribuidores de Elementos de Fixação) - existiu entre 1988 e 1994. “A grande diferença do mercado de hoje para o das déca­das de 50, 60 é a diversidade de produtos existentes. Com o aumento da concorrência, os fabricantes deixaram de ser especializados e passaram a produzir de tudo. Sem contar os produtos importados, principalmente da Chi­na, que têm vindo com a qualidade cada vez melhor”, analisa Mauro.

Julio Milko (Metalac), Odilon de Almeida (Almeida e Cia), Alfredo Fuchs (Mapri), José Chiarela (Elbrus) e José Gianesi Sobrinho (Mapri), durante inauguração da nova sede da Almeida e Cia. em 1982, no bairro do Brás, em São Paulo.
 

 

 

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