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Busca por oportunidades de mercado mantém a Jomarca em evolução constante. Mas permanecem inalterados o esforço da pronta entrega e a comunicação acessível com os clientes
Muita coisa mudou na Jomarca desde o início das atividades há 38 anos: a localização, sua área de estoque e da fábrica, o reforço à linha dos produtos tradicionais, a entrada em novos segmentos de mercado e a inclusão de novos itens, seja pela compra de empresas ou pela criação de divisões e fechamento de parcerias e a importação de máquinas para aumentar a capacidade produtiva. Mas dois diferenciais permanecem: a agilidade entre a entrada do pedido e a entrega do produto e o canal de comunicação aberto com seus clientes.
A regra na empresa é entregar em 72 horas produtos de linha. “Se não está na prateleira é porque está sendo produzido”, explica Ricardo Castelhano, diretor superintendente. Ele conta que a venda é informatizada. Cada vendedor via laptop acessa o estoque, informa ao cliente e negocia entregas parciais ou completas. Outra prioridade é permitir a comunicação entre clientes e profissionais da empresa. “A partir do PABX, o cliente fala diretamente conosco. Enfatizamos uma ligação estreita, rápida e fácil para continuar crescendo”, ressalta Ricardo.
Um pouco de história
Em 1969, José Castelhano recebeu parafusos como parte de pagamento da rescisão trabalhista e abriu uma lojinha para vendê-los no Pari, bairro de São Paulo. Mas os clientes pediam mais produtos e começaram as dificuldades de atender rapidamente. “Sem recursos, ele comprou duas máquinas, uma delas sucateada. Com seus conhecimentos de Mecânica, as consertou e pôs em funcionamento. Nascia a Jomarca”, conta Ricardo, que há 21 anos acompanha o pai na tarefa de desenvolver a empresa. Três anos depois, a pequena indústria foi transferida para um imóvel alugado na Vila Maria já com 15 funcionários. “Meu pai era um faz-tudo. Vendia, produzia e entregava”, diz Ricardo.
Mais crescimento e outra mudança: em 1978, com 100 funcionários, foi adquirida área de 5 mil metros quadrados com um galpão de 1,5 mil metros quadrados, em Guarulhos, onde permanece até hoje. Atualmente, são 32 mil metros quadrados de construção, sendo 24 mil metros quadrados para a área fabril e oito mil metros quadrados para estocagem de produtos acabados. Hoje, a Jomarca contabiliza 900 colaboradores diretos e indiretos e comercializa 20 mil itens por mês, 98% disponíveis no estoque. A divisão de parafusos está focada na indústria moveleira, segundo ele. Mas, no total, fornecem para 23 setores, 12 grandes atacadistas nos Estados, 80 distribuidores médios em todo o Brasil e pequenas lojas. “Temos 6,5 mil clientes ativos, entre eles a Fiat e as sub-montadoras Bosch e Maxion, atendidos por oito vendedores internos e 190 representantes.
Produzir mais e diversificar
Uma estratégia de reforço à linha produtiva e de participação em novos mercados teve início em 2002, revela Ricardo. Primeiro, foi adquirida a Indústria de Parafusos São Pedro, com mais de 50 anos, totalmente incorporada à Jomarca em 2005. A seguir, em 2003, foi comprada a Francisco Blanes. “Ela teve seu nome mudado para Qualityfix e também trouxemos para São Paulo”, explica o diretor. Depois, foi a vez da Insol, antes sediada em Itaquaquecetuba, cuja mudança foi concluída em 2006 e que passou a ser a divisão elétrica da Jomarca (fabricação de materiais elétricos de baixa tensão, como interruptores e tomadas). E há um ano e meio teve início a importação de ferramentas manuais, como alicates, trenas, brocas, grifos, chave inglesa, parquímetros, chaves de fenda. A empresa deu início em 2004 à importação de máquinas italianas, da Sacma, que será concluída em 2008. “São máquinas para fabricar parafusos especiais, mas, por causa do nosso volume de produção, as adaptamos para os fendados. O objetivo é atingir produção de 1,9 mil toneladas mensais de parafusos, rebites, pregos especiais e roscas. Hoje, são 1,5 mil toneladas/mês”, detalha Ricardo. Ele lembra que ao chegar à empresa, em 1986, a produção era de 200 toneladas/mês.
Ação mercadológica
Resgatar indústrias moveleiras é o principal foco de ação mercadológica da Jomarca. Desde 2000, com o surgimento de empresas montadoras de kits para o setor, as indústrias de móveis não querem mais comprar o parafuso direto do fabricante, avalia Ricardo. “Mantivemos empresas que fazem questão de comprar conosco, pois somos fortes em parafusos fendados e referência em parafusos para aglomerados e pinus. Mas, hoje, 60% das indústrias médias e grandes do Sul compram dos “quiteiros”, garante o diretor. Ele esclarece que a Jomarca perdeu mercado, mas reverterá esse quadro. Tanto que em março deste ano, fechou uma parceria com uma empresa montadora de kits, a Shopping do Moveleiro, de Mirassol (SP), com seis anos de atuação.
“Nossa idéia é montar uma indústria de kits em cada um dos oito pólos moveleiros do País. O primeiro será em Arapongas (PR)”, diz. A Jomarca está investindo em máquinas de injeção de plásticos, da italiana Sandretto; e em máquinas de injeção de zamac, da canadense Technire, que entraram em funcionamento em junho. Os profissionais da Jomarca estão sempre acompanhando a evolução do mercado. Em 1994, quando poucas empresas possuíam a certificação ISO 9000, ela conquistou a sua pelo BVQI, reconhecido órgão certificador. “Estamos no escopo da certificação da linha de fabricação de materiais elétricos e a de redistribuição de ferramentas manuais”, assinala Ricardo.
Importância do setor
Ricardo acha que o setor é essencial, pois o parafuso está em todo lugar: na cadeira, no relógio, nos óculos”, diz. Mas demonstra preocupação quanto à dificuldade de muitas empresas em continuar produzindo e competir com a China. A saída na Jomarca foi a parceria com duas empresas chinesas para trazer itens especiais para complemento de linha e de confecção mais difícil. “O ideal seria voltar ao que era antes ou pelo menos taxar em US$ 2,00 o quilo do produto para importação. Ou o mercado que já é pequeno ficará menor ainda”, analisa. O diretor ilustra que há casos entre seus clientes (pequenas e médias indústrias de móveis) que não quiseram adotar a compra de kits e formaram cooperativas para importar da China. “Com isso, deixamos de vender. A expectativa em relação a esses itens commodity, que podem ser importados, não é muito boa. Mas sou otimista e acredito que o segundo semestre será diferente. O primeiro não foi bom e aposto no segundo. Tomara que eu esteja certo. Eu e os analistas que falam em quase 5%. Acho difícil, mas vamos ver”, finaliza.
Serviço: Jomarca Industrial Parafusos
Tel: (11) 2488-1222
www.jomarca.com.br
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