A escolha criteriosa das ferramentas para a usinagem de roscas, além de evitar perdas e transtornos, pode se tornar um fator de melhoria na produtividade
Após décadas de trabalho contínuo na área de ferramentas de corte, principalmente àquelas destinadas ao rosqueamento de fixadores metálicos – como machos, cossinetes e calibradores de roscas tampão (passa e não-passa), vivenciei e herdei do meu pai inúmeras experiências e as transformo em dicas para os leitores desta Revista. Aliás, adquiri um novo aprendizado numa manhã em Diadema, no Grande ABC. E ele me inspirou a escrever este artigo. O caso foi o seguinte: um comprador, ao solicitar a ferramenta, não informou ao fornecedor qual material seria utilizado na usinagem.
O fato de o cliente não ter feito a escolha correta do material interferiu no ângulo de corte que se deve afiar o macho. Ele adquiriu um macho na tolerância 6H, que ocasionou um alargamento de 0,1mm, causando a rejeição da peça em execução, por não calibrar na tolerância especificada. Em inúmeros segmentos industriais, inclusive no setor parafuseiro, casos como este têm sido comuns. Eles acontecem no nosso dia-a-dia na Indústria de Ferramentas Edge Ltda., empresa fundada há 43 anos pelo meu avô, Hermindo Grandizoli.
Aqui vão algumas dicas:
1. A escolha da ferramenta adequada para usinar a rosca e sua tolerância deve considerar:
-A tolerância do macho com a rosca a ser usinada
-Ângulo de corte em função do material a ser usinado
-Ponta da entrada do macho
-Alinhamento do macho em relação à porca
-Velocidade de corte (em RPM)
-As condições de máquina e equipamentos em geral
-Avanço da máquina (passo guiado ou sem passo guiado)
-Lubrificação ou refrigeração
-Verificar o diâmetro do furo perante as normas
2. Adequar o calibrador de roscas tampão (passa e não passa) e sua tolerância. No caso de roscas métricas, usar a tolerância 6H; e para roscas em polegadas, usar a tolerância 2B. Estas são as tolerâncias mais utilizadas na fabricação de porcas, sendo que existem outras tolerâncias, devido ao ajuste necessário a determinados elementos roscados especificados nas normas.
4. No caso de porcas especiais com tratamento superficial, redimensionar as tolerâncias e adquirir ferramentas com medidas alteradas para suprir a espessura do tratamento superficial. As dicas sugeridas acima não servem de regra para todos os fabricantes, por existirem vários fatores que influenciam na usinagem das roscas com ferramentas de corte. Porém, espero que as mesmas ajudem os fabricantes e os faça atentar para a compra de acordo com seu trabalho (máquinas, materiais e tolerâncias).
* Leandro Grandizoli Maçorano é técnico em mêcanica e diretor da indústria de Ferramentas Edge Ltda.
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