Editorial
Nossas cascas de bananas
Tomando como base dados do FMI, em nível nacional o futuro não é promissor
Para se ter uma ideia do quanto se cresce de maneira desigual no Brasil, tomemos como exemplo a compra de um ingresso para um jogo de futebol, ocorrido às vésperas da viagem para cobrir a Wire Düsseldorf, em 2018 na Alemanha. Aliás, de malas prontas, traremos o melhor da Wire em nossa próxima edição.
Voltando, na ocasião fui ao estádio de um time da capital paulistana, com um ingresso a R$ 120,00. Semifi nal, era apenas um jogo do “campeonato estadual”, numa quarta-feira. A renda daquela noite foi de R$ 1,5 milhão entre 25 mil pagantes.
Do outro lado, no “campeonato nacional”, um time do Nordeste da Serie-A anunciava R$ 39,90 por mês para assistir todos os jogos em seu estádio durante o ano. Pequena amostra do abismo entre regiões brasileiras, obviamente, essa diferença não se limita ao futebol.
Como neste ano, o Brasil deve crescer só 0,8%, então podemos entender que algumas regiões do país estão ainda mais abaixo desse crescimento muito baixo.
Em artigo na Folha de S. Paulo em 30/04/2022, Samuel Pessoa apresentou um quadro do FMI, reproduzido aqui, que demonstra um Brasil muito aquém das perspectivas de crescimento até 2027, abaixo inclusive dos países do G7. E o mais surpreendente é que comparado aos países ricos, eles não têm as enormes oportunidades de infraestrutura que temos aqui.
Portanto, chances temos, mas a baixa prosperidade é um problema todo nosso, pois, não só não usamos a infraestrutura como grande oportunidade - a começar por tapar os buracos das vias - como cobrimos nosso chão com cascas de bananas, para nelas pisarmos e continuarmos caindo.
Sérgio Milatias