Persona
Um lucro pra chamar de seu
Segundo o autor, pecado é não fazer as coisas do jeito certo
Entre os maiores prazeres que a vida traz estão as coisas supérfluas, ou seja, tudo que é desnecessário e extravagante. Os ovos de chocolate são um bom exemplo. Penso assim porque este texto brotou na semana da Páscoa de 2018.
Os humanos são os únicos seres que criaram e desenvolveram, em complexidade, sistemas de acumulação, conservação e movimentação material, algo que se tornou fundamental para nossa sobrevivência e evolução constante.
A origem desses sistemas de armazenagem e sua gestão nasceram com as necessidades alimentares desde a pré-história, passando pelos primórdios da agricultura, mas se desenvolvendo intensamente na área militar, tendo hoje o nome de "logística", que é a metodologia que gera apoio em toda infraestrutura dos exércitos em relação à alimentação, ao transporte, armamentos e outros. Isso pode ser estudado em histórias sobre o general Alexandre III, da Macedônia (356 - 323 a.C.), "O Grande" inovador neste campo, vital no agronegócio e na indústria e comércio, seja de ovos de pascoa até parafusos.
Em resumo, o ato de acumular visa garantir a sobrevivência, mas quando se tem o excedente, ou seja, o que se sobra do acumulado chamamos de lucro. Resultante este de um bom trabalho, o lucro pode ser redirecionado para gerar mais acumulação e, por opção, ao caprichoso mundo dos supérfluos.
Observe que inocentemente estes atos de acumular, lucrar e desfrutar foram rotulados ao redor do mundo como "pecaminosos e imorais", mesmo tendo eles surgidos séculos antes da criação dessas "doutrinas moralizadoras". De maneira irresponsável, grupos de pessoas – muitas delas improdutivas e desprovidas de criatividade e boa vontade – conseguiram rotular negativamente o lucro. O contraditório é se combater e ao mesmo tempo cada um buscar, a sua maneira, um "lucro para chamar de seu".
Dr. Ricardo Castelhano
Advogado e diretor da Jomarca Industrial de Parafusos Ltda.