Polícia Civil encontra arame como fixador no Bonde de Santa Teresa
Cinco pessoas morreram e 57 ficaram feridas no acidente do Rio de Janeiro. Peritos encontraram diversos flagrantes de precariedade como arame substituindo pino de fixação próximo às rodas e ao sistema de freios
Imagem meramente ilustrativa / Foto: Raquel O. Ramiles
Falta de manutenção, preservação e fiscalização das autoridades são as causas de tantas fatalidades envolvendo acidentes com transporte no Rio de Janeiro. A tragédia do bondinho de Santa Tereza foi até o momento o mais grave, deixando cinco mortos e 57 feridos. O representante do Sindicado dos Ferroviários pediu uma inspeção no sistema de trilhos ao site da Revista Veja. Os problemas constatados vão da limpeza até a superlotação e ausência de peças essenciais para a segurança do transporte, como um arame substituindo pino de fixação próximo às rodas e ao sistema de freios.
Segundo declaração do responsável pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Luiz Antônio Cosenza, “sempre houve problema de investimento em manutenção dos bondes”. Cosenza presidiu o sistema de bondes pelo governo do estado em 2002 e, desde então, acompanha de perto a situação. Há três anos, os bondes de Santa Teresa foram renovados. O freio, que antes ficava na parte de baixo dos carros, resguardado por uma caixa de ferro, passou a uma maior exposição, colocado na lateral. Havia, inclusive, pessoas que, para subir no transporte, pisavam na caixa. Após o acidente, a proteção à caixa foi reforçada, mas não deslocada.
A reclamação constante da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast) é de que essa mudança não serve para esse tipo de transporte usado no local. As novas rodas são de trem porque não se encontram mais para bondes. Antes, quando se fazia curvas, o barulho era enorme, pois as rodas não são adequadas aos trilhos. A solução foi colocar graxa para diminuir o som. “O que aconteceu é uma tragédia anunciada. Quem mora aqui usa o bonde como transporte público, sabe e vê a situação”, diz o advogado Abaeté Mesquita, diretor da Amast.
De acordo com Consenza, “todo o sistema tinha que ser recuperado desde os trilhos, que estão desgastados e sem nivelamento, até a rede aérea. Não se trata apenas do bonde”. Para o engenheiro, onde há linha de bonde em Santa Teresa deveria ser proibida a passagem de outro transporte. “A prefeitura tem que tomar providência. Os carros estacionam em cima do trilho, fora da faixa e não são rebocados. A desordem é total”, alerta.
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