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O risco de pensar que "estoque é patrimônio"
Dicas para melhor controle do estoque contra o fantasma dos altos juros
No Brasil, onde os juros são historicamente elevados, o custo de capital desempenha um papel significativo nas operações comerciais. Nesse contexto, é fundamental alertar sobre os riscos associados a estoques altos e como isso pode afetar diretamente o fluxo de caixa e a rentabilidade. (Foto - João Pedro Schrott)
Mantê-los excessivamente altos implica em utilizar uma parcela considerável de recursos financeiros em manter esses produtos armazenados. Com as altas taxas de juros vigentes, o custo de capital é elevado, e cada real investido no estoque tem um expressivo custo financeiro adicional ao longo do tempo.
Estoque em excesso representa alocação ineficiente de capital, uma vez que o dinheiro poderia ser utilizado em outros investimentos mais rentáveis ou para a redução da dívida. Além disso, a manutenção de estoques altos implica em maiores custos operacionais, como armazenagem, seguros e obsolescência de produtos.
Outro ponto importante é a liquidez deles. Em um cenário de juros altos, ter uma grande quantidade de capital preso em estoques dificulta a capacidade de lidar com eventuais necessidades de caixa emergenciais, ou de aproveitar oportunidades de investimento.
Uma boa gestão de estoque requer equilíbrio nas compras, armazenagem e entregas, controlando as entradas e o consumo de materiais e movimentando o ciclo da mercadoria. Além disso, é fundamental estabelecer prazos de pagamento aos fornecedores que sejam compatíveis com os recebimentos dos clientes.
Aqui estão algumas dicas para evitar perder o controle sobre as mercadorias e as vendas:
Giro de estoque: É um dos indicadores mais relevantes para a gestão eficiente. É necessário estar atento a todos os aspectos que possam influenciar a velocidade do giro, como compras, organização do estoque, exposição dos produtos, promoções, atendimento e entrega.
Inventário: Manter a organização requer sistematizar a movimentação de estoque por meio de normas de entrada e saída. Seu controle físico e financeiro fornece informações importantes sobre a quantidade disponível de cada item e seu valor correspondente. É recomendável criar uma tabela com os itens do estoque, incluindo informações como nome da mercadoria, quantidade e categoria.
Curva ABC: Um controle eficiente de estoque permite ao gestor calcular o giro das mercadorias e aperfeiçoar o processo de compras. A utilização da Curva ABC é uma ferramenta valiosa nesse sentido, classificando os produtos com base no seu impacto nos resultados da empresa, considerando indicadores como giro de estoque, lucratividade e representatividade no faturamento.
Escolha de fornecedores adequados: Escolher quem permita ajustar as quantidades de produtos e os prazos de pagamento de acordo com o giro de estoque e o fluxo de caixa da empresa.
Parcerias estratégicas: Manter relacionamentos com distribuidores confiáveis permite fazer compras menores e manter um estoque enxuto. É importante também ter outros fornecedores em mente para evitar dependência excessiva e garantir a flexibilidade de compra de acordo com a realidade da empresa.
A gestão eficiente de estoque é essencial para o sucesso de qualquer negócio. Ao implementar práticas adequadas e estar atento aos indicadores de desempenho, é possível evitar os riscos associados a estoques altos, mantendo a empresa lucrativa e competitiva. Lembre-se que empresas não encerram suas atividades devido à falta de lucro, mas sim à falta de fluxo de caixa. Em nosso setor, erros na gestão do estoque são frequentemente o principal fator que leva à deterioração do fluxo de caixa.
JOÃO PEDRO SCHROTT
Com experiência em setores diversos, como consultoria, criptoativos, startups e construção civil, o executivo acumula a presidência da Walsywa, além de conselheiro e investidor em startups.