Editorial
E la nave va
Comparando com o famoso Titanic, o Brasil é uma nave gigante, mas o desfecho final do seu filme será diferente
Em 1912, durante sua viagem inaugural, o navio britânico Titanic afundou efundou uma nova era nos sistemas de navegações marítimas, tornando este famoso caso uma rica fonte para ações preventivas de segurança, até os dias atuais.
Além de fomentar a literatura e o cinema, a tragédia alavancou o telégrafo, um recente invento do italiano Guglielmo Marconi (1874 - 1937), tão italiano quanto Federico Fellini (1942 - 1993), diretor de um filme que intitula este editorial. Nós mesmos já publicamos matéria conectando o naufrágio à problemas de fixação (veja em www.revistadoparafuso.com, digitando “Titanic” na busca).
Assim como o Titanic, o Brasil colidiu em 2014 com algo muito grande, como um iceberg, mas nossa Comandanta (sic) dizia que não era nada e tudo estava em ordem e progresso. Enquanto isso, nos porões, os mais pobres e desprotegidos abriam a fila dos afogados. Mas “era algo isolado e tudo estava sob controle”. O oba-oba da realização da recente Copa do Mundo tem muita semelhança com a cena dos músicos tocando no convés da grande nave.
Fortemente a água foi subindo no ano seguinte, 2015, afogando pessoas físicas e as jurídicas que viam suas casas de máquinas submergindo. Neste ano ficava límpido o naufrágio parcial do País e, principalmente, do nosso comando que acelerou mais do que devia, como fez sir Edward Smith, o chefão do Titanic. Quem leu reportagens, livros ou assistiu o filme sabe que existe muita semelhança entre atitudes de ambos comandantes.
Desde 2016, parte do grupo que controlava o País submergiu, dando início a um “processo de içamento organizacional e econômico”. Estamos numa corrida contra o tempo, pois muitos ainda estão nos porões. Os indicativos são de que este içamento está gradativamente reduzindo o alagamento, e que “E la nave Brasil, àgora va”.
Boa leitura!
Sérgio Milatias