2016: só não vai atrás quem já morreu
Lembrando, o título emana da música de Caetano Veloso (“Atrás do Trio Elétrico”, 1969), uma letra de puro otimismo composta em plena ditadura no Brasil. Já o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, bem-humorado, sempre diz: “Todo otimista é um sujeito mal informado”. Mas, não seria o pessimista um sujeito que desistiu da luta?
Com base em 2015, e o precoce bombardeio negativo sobre 2016, é até compreensível a sedução dos mais jovens por “visões escatológicas”. Mas, em relação aos mais velhos, especialmente aqueles que viveram ativamente a “década perdida”, é duro de engolir.
Década perdida entenda-se os anos 1980 até 1995, período em que a inflação acumulada alcançou número teratológico de “20.759.903.275.651%”, ou “vinte trilhões, setecentos e cinquenta e nove bilhões, novecentos e três milhões, duzentos e setenta e cinco mil, seiscentos e cinquenta e um por cento”. Isso mesmo, e tem mais: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990 o índice de crianças que não alcançavam os cinco anos de idade era de 61 para cada mil nascidos. Embora insatisfatório, o índice atual é 16, queda de 74%.
De uma forma mais esperançosa, vimos em 2014 o Brasil ficar em quarto lugar no ranking de vendas de automóveis, mas caiu 25% em 2015, terminando o ano em sétimo. Mas só existem seis à nossa frente. Na internet já somos 85 milhões de usuários. É maior que a população da Alemanha (80 milhões) ou do Reino Unido (63).
Embora defasado, mas não muito desatualizado, um relatório do Banco Mundial, de 2010, indica que as vendas automotivas em algumas capitais brasileiras superam países vizinhos, caso da cidade de São Paulo, que na ocasião vendeu 525 mil unidades contra 600 mil em toda a Argentina. O Rio de Janeiro vendeu 157 mil unidades, empatando com o Chile. Jundiaí vendeu de 21 mil contra 20 mil do Uruguai.
Como dizem os gaúchos: “Só está morto quem não peleia”.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
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