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Entrevista
28/02/2010 02h40

Paulo Skaf, presidente da FIESP, fala sobre produção industrial e ingresso na política

Paulo Skaf é um dos nomes mais conhecidos na indústria de São Paulo. Na presidência da FIESP desde 2004, ele agora entra para a vida política filiado ao PSB- Partido Socialista Brasileiro



Filho de um imigrante libanês com uma carioca, Paulo Antônio Skaf não podia ser mais brasileiro. Nascido na cidade de São Paulo, SP, sempre declarou admiração pelo estado e paixão pelo Brasil. Estudou nos tradicionais Colégios Santo Américo e Universidade Mackenzie.

Casou-se cedo, tem cinco filhos e uma neta. Empresário do setor têxtil por anos, integra o Conselho de Administração da gigante Paramount. Teve destacada atuação como dirigente de entidades de peso do setor, como o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sinditêxtil) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT).

Hoje, os negócios de Skaf vão desde o ramo imobiliário, passando pela da construção civil até a área de investimentos e participações. Em 2004, foi eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Também preside o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), o Serviço Social da Indústria (SESI-SP), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-SP) e o Instituto Roberto Simonsen (IRS), além de ser o primeiro vicepresidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

É membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), ligado à presidência da República. Este homem, com tanto conhecimento e responsabilidade, diante dos empresários industriais do estado de São Paulo, conversou com a Revista do Parafuso. Acompanhe:

Revista do Parafuso (RP): Fale sobre a sua história e atuação em entidade de classe: o que o motivou, quando começou e quem o influenciou?
Paulo Skaf: Sempre me interessei em servir ao próximo e, desde os tempos de estudante, dediquei-me à vida associativa. Na infância, fui escoteiro, e obtive um grande aprendizado de valores, como respeitar a natureza e ter disciplina. Mais tarde, quando era empresário do setor têxtil, surgiu a oportunidade de me dedicar mais profundamente às entidades do setor.

Na época, final dos anos 1980, o presidente e a diretoria dessas instituições eram os mesmos há mais de 30 anos. Por isso, houve uma vontade das bases e um movimento para renovação, e foi assim que meu nome surgiu como uma nova opção. Fui presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sinditêxtil) e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) por dois mandatos.

RP: Há quanto tempo está no comando da Fiesp, Ciesp e SENAI, e quando fi naliza sua gestão?
Paulo Skaf: Estou desde 2004 à frente da Fiesp, do SESI e SENAI de São Paulo e do Instituto Roberto Simonsen, e do Ciesp, desde 2007. Termino meu mandato no ano que vem, em 2011.

RP: Quais foram os maiores impactos e avanços de sua gestão?
Paulo Skaf: A Fiesp tem como características marcantes, o dinamismo e a diversidade. A variedade de ações, lutas e vitórias é tamanha que fica difícil elencarmos uma ou outra bandeira. Posso lembrar, entre outros, de nosso trabalho, há dois anos, pela derrubada da CPMF(Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira) – um tributo provisório que durava mais de uma década, desnecessário e que desrespeitava os direitos do cidadão brasileiro. Ou ainda, nossa luta pela redução do custo do crédito e dos juros, pela desoneração de produtos para o enfrentamento da crise mundial, ou pela revisão da tarifa de gás natural.

Mas entre muitas ações, nada me causa maior orgulho do que nosso trabalho pela educação por meio do SESI e SENAI paulistas. Investimos fortemente na modernização de nossas escolas, criamos o ensino integral e o ensino médio no Sesi, além do curso integrado com o SENAI.

No esporte, investimos na adequação da estrutura e lançamos o projeto de alto rendimento, para a formação de atletas entre nossos estudantes do SESI. Em 2010, dobraremos a quantia investida no programa e o número de atletas e de modalidades oferecidas. Aquecemos mais de 40 piscinas e construímos mais de 40 campos de futebol.

No ano passado, criamos a equipe de vôlei SESISP, comandada pelo campeão mundial Giovane Gávio. Nossa equipe já se sagrou como uma das mais competitivas da modalidade no País, conquistando dois importantes títulos: a Copa São Paulo e o Super Paulistão. Outro destaque foi o time de Polo Aquático, que voltou a ser campeão do torneio mundial no Hawaí. E vale dizer que foi a primeira vez que o Brasil venceu essa importante competição.

RP: Após a crise de 2008, vivemos em 2009 um período de recuperação da indústria, principalmente, das automobilísticas. Desta forma, qual a sua avaliação sobre os impactos que a crise gerou no Brasil, e o desempenho do País nesta recuperação.
Paulo Skaf: O Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair dela, e está em um momento muito positivo. Superamos diversas perdas e geramos um milhão de empregos em 2009. Neste ano, vamos crescer e estimamos que a produção industrial alcance 12%, enquanto o PIB brasileiro deve atingir cerca de 6%. Isto porque o cenário externo estará menos adverso e o consumo doméstico continuará em rota de crescimento, impulsionado pela oferta cada vez maior de crédito e da massa salarial.

RP: A Fiesp contribui bastante para o fortalecimento das relações bilaterais do Brasil com os demais países do mundo. Desta forma, como você enxerga o mercado de elementos de fixação, que aqui no Brasil tem sofrido uma grande influência da importação, principalmente a asiática (que, como os demais setores, tornou-se o principal parceiro do Brasil)?
Paulo Skaf: A Fiesp sempre defendeu o fortalecimento das relações bilaterais entre o Brasil e os demais países do Mundo. Isso é muito salutar para a indústria brasileira, porque abre mercados, favorece as exportações e a competitividade. Confi amos bastante no grau de competência atingido por nossos empreendedores e não tememos a concorrência com indústrias de outros países. Mas só aceitamos esta concorrência no âmbito da legalidade e da lealdade entre os parceiros. Por isso, a principal preocupação do setor industrial é a concorrência predatória das importações.

No nosso País, as empresas convivem com um alto custo Brasil: tributação excessiva, juros elevados, matéria prima e energia caras, encargos trabalhistas e muita burocracia. Na China, os custos são bem mais baixos, principalmente com a folha de pagamento, e, além disso, o volume de produção é bem maior.

Os chineses ainda contam com uma taxa de câmbio excessivamente desvalorizada, e isso faz com que as empresas brasileiras, e aqui incluo a indústria de elementos de fixação, fiquem impossibilitadas de terem um mínimo de grau de competitividade frente aos produtos chineses.

RP: Como você vê a indústria nacional daqui dez anos? Estaremos bem ou mal? (vale observar que a participação percentual da indústria no PIB está diminuindo)
Paulo Skaf: Estou com um pensamento positivo quanto ao futuro do Brasil e da indústria nacional. Mas, realmente, a participação da indústria no PIB nacional tem diminuído ao longo do tempo. No início dos anos 80, a indústria participava com aproximadamente 44% do PIB e, no início dos anos 90, já tinha caído para 33%. Hoje, está em torno de 25%. Isso é reflexo de um aumento natural do setor de serviços, cuja participação no setor produtivo tem crescido em nível global. O que eu vejo é que o Brasil atravessa uma fase muito boa e o mundo está de olho em nós. Basta investirmos em educação, infraestrutura, acreditarmos na capacidade de nosso povo e, acima de tudo, trabalharmos arduamente para consolidar o País como uma economia forte.

Vamos receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, e começamos a explorar o pré-sal. Somados a isso, diversos investimentos estão sendo feitos, como, por exemplo, o Trem de Alta Velocidade, que ligará o Rio de Janeiro, RJ, a Campinas, SP. No entanto, para alcançarmos o sucesso com plenitude, o Brasil precisará resolver obstáculos fundamentais que ainda afastam investidores, tais como: entraves burocráticos e ambientais, falta de segurança jurídica e de planejamento.

RP: Fale sobre sua entrada para a política. O PSB (Partido Socialista Brasileiro), no qual se filiou é de Esquerda, e você é de uma entidade [dita], “capitalista ou de Direita”. Como podemos entender essa “fusão”?
Paulo Skaf: Decidi exercer minha cidadania de forma plena, ingressando em um partido político, já que em uma democracia não existe política sem partidos. Reclamamos excessivamente dos políticos, mas ao invés de apenas criticar, temos que oxigenar os partidos e fortalecer a democracia. O caminho para isso é a filiação partidária e, por isso, me filiei ao Partido Socialista Brasileiro. A decisão de ser ou não candidato a algum cargo público, passa pela vontade do partido. Fui convidado pelo PSB a ser candidato ao Governo de São Paulo, até o final de março deveremos efetivar essa posição. Enquanto isso, minha dedicação continua sendo às entidades que presido.

RP: Eleito, ou ocupando um espaço decisivo na política, como será sua atuação e como a indústria pode se beneficiar?
Paulo Skaf: Seja no campo da política ou do associativismo, continuarei fazendo o que sempre fiz: defender os interesses maiores do Brasil, visando o que for melhor para todos os brasileiros. A Fiesp não é somente uma entidade de classe, mas também uma importante observadora das necessidades de nosso povo, que aponta o que é necessário para o desenvolvimento do País.

Exemplifico tal ação através da luta contra a CPMF, que se tornou a maior reforma tributária da história do Brasil e, efetivamente, na prática, resultou na redistribuição de renda para toda a população.

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