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Entrevista
19/09/2013 11h36

 Entrevista

 

Ennio Crispino, presidente da Abimei, fala sobre o papel da associação no cenário atual 

 

A entidade comenta sobre sua atuação na defesa das importadoras de bens de capital e na busca por uma política industrial competitiva e inovadora 

 

A Associação Brasileira de Importadores de Máquinase Equipamentos Industriais (Abimei), entidade que representa as empresas importadoras de bens decapital junto ao mercado e ao governo, principalmente em caráter institucional, há 10 anos, trabalha para desmistificar a maneira como o setor de importação é caracterizado hoje no Brasil. “O nosso papel como entidade de classe é mostrar que aqueles que são associados da Abimei cumprem as boas práticas da importação legal, seguindo as regras do jogo, pagam os devidos impostos, sempre colocando como objetivo contribuir para a melhoria da competitividade da indústria nacional”, explica Ennio Crispino, presidente da Associação. Cumprindo a sua segunda gestão, Ennio enfatiza a força da organização na defesa dos interesses da classe perante os órgãos públicos e privados, garantindo ao sassociados representatividade para viabilizar sua atuação no mercado interno e externo de maneira sadia e abrangente, fomentando o ingresso de novas tecnologia sem território nacional e, consequentemente, gerando empregos, qualificação da mão de obra, e criando uma oferta de maquinário produtivo ao mercado para suprir indústrias quando os fabricantes nacionais não conseguem atender essa demanda. Foi em uma manhã fria e ensolarada que Ennio recebeu a equipe da Revista do Parafuso para falar sobre a entidade, os desafios e os planos para encarar as imposições governistas.

Como surgiu a Abimei?

Ela foi criada em 2003 por empresas importadoras de bens de capital, que sentiam falta de uma entidade capaz de representá-las e defendê-las. Atualmente com cerca de 80 associados, ela reúne mais de 80% dos principais players do setor no Brasil.

Como essa atuação mudou ao longo desua existência?

Quando começou a aumentar a representatividade da entidade junto ao mercado, a Abimei começou a diversificar e abraçar outros segmentos, além do de machine tools (máquinas ferramentas), e hoje englobamos cinco áreas de atuação de nossos associados, que representam muito mais o todo dos importadores de máquinas e equipamentos industriais. 

Quais são essas áreas?

Continuamos com o setor de machine tools. Um segundo tipo compreende máquinas relacionadas à conformação de metais, como prensas, de corte, inclusive a laser, puncionadeiras, dobradeiras, curvadoras, ou seja, tudo o que diz respeito à conformação de metais. Um terceiro tipo é aquele relacionado à transformação do plástico. Nessa classificação temos associados com atuação na área de embalagens, com máquinas injetoras, sopradoras, extrusoras, e demais máquinas desse universo. Outro segmento é o de acessórios industriais, com tudo aquilo que é usado na indústria, englobando alguns associados que trabalham com válvulas, medidores, tubos,conexões, itens ligados à área de instrumentação, hidráulica, pneumática, que não foram abrigados na Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinase Equipamentos). Esse é o setor que mais cresce em associados atualmente. Por fim, o que abriga o setor de máquinas relacionadas à infraestrutura, por exemplo, as de construção civil ou também chamadas de linha amarela, como escavadeiras, retroescavadeiras, carregadeiras, máquinas móveis e empilhadeiras.

Como enxerga as regras impostas pelo governo para“proteger” a indústria nacional? 

O grande problema do nosso país é que as regras do jogo impostas são hipócritas, impedindo, dificultando ou onerando a importação de componentes. O Brasil tem uma vocação para manufatura porque tradicionalmente o faz há, pelo menos, meio século. É uma pena que, apesar de ter essa vocação, o governo não dê condições para que o empresariado brasileiro tenha acesso aos mais modernos meios produtivos que existem, a um custo baixo, e que possa usá-los para produzir para o mercado doméstico e até exportar. É dessa forma que o governo, com medidas protecionistas, como sobretaxar bens de capital, não contribui para essa vocação.

Qual o balanço que você faz sobre esse cenário?

A importação é tratada como uma inimiga? Eu prefiro dizer que a mídia coloca para o mercado muitas vezes, que tudo aquilo que vem de fora é nocivo ao país, influenciados por aquilo que membros do governo defendem. E não é em absoluto. Cada um tem que assumir a vocação e o papel que lhe cabe. A do Brasil não é a de ser pioneiro no projeto, desenvolvimento e pesquisa de máquinas de maneira geral. Não por falta de capacidade dos engenheiros brasileiros, mas por faltar incentivo à inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento. O Brasil precisaria investir muito nas suas poucas indústrias genuinamente brasileiras para chegar a um patamar próximo àqueles fabricantes de primeira linha, à tecnologia de ponta dos outros países. E eu não estou particularizando o tipo de máquina ou equipamento. Essas empresas brasileiras não têm como investir o nível da receita líquida que os fabricantes de fora destinam para isso. A constatação é que se os poucos fabricantes brasileiros que existem não tiverem nenhum tipo de parceria técnica-comercial com algum fabricante lá de fora, que vai acabar provendo a tecnologia que eles não são capazes de desenvolver, estarão fadados ao fracasso.

Como avalia isso?

O País não tem condições de fazer com que todo mundo, de uma hora para outra, ache que é interessante fabricar aqui, pelo simples motivo que ele já tem tantos outros gargalos para resolver – que na conta de uma multi-nacional ao decidir se vale a pena produzir, só o cambio não seria a solução. É justo sobretaxar quem vem de fora e tem condições de fabricar um produto de alta tecnologia? Alguns passos já foram dados, mas ainda são poucos para tornar o país competitivo no mercado mundial.

Eles se esquecem das regras de mercado?

Temos exemplos no mercado que, mesmo que houvesse uma abertura total permitindo toda e qualquer importação de máquina e equipamento, pagando zero de imposto, não significaria o fim da indústria nacional de máquinas e equipamentos. A gente reconhece que, apesar de todos os protecionismos que o mercado oferece, vende-se muito mais máquina importadaque nacional. E por que isso acontece? Porquea indústria que existe de máquinas aqui no Brasil não consegue, apesar dessas “pseudo proteções”, continuar competitiva: ora o mercado não oferece a demanda necessária, ora o câmbio não favorece, ora ela também precisa de algum acerto tecnológico lá de fora e não consegue, ora não consegue ter um produto nacionalde qualidade com preço competitivo para continuar brigando no mercado.

Qual seria um cenário ideal?

Se o Brasil quiser realmente ser competitivo, deve experimentar as práticas que outros países de primeiro mundo e emergentes utilizam, que é abrir o seu mercado para a importação de insumos e meios de produção. A indústria brasileira ou aquela que venha a se estabelecer aqui tem que ter acesso aos mesmos meios de produção que possuem aqueles com os quais queremos brigar lá fora. Países de primeiro mundo têm um pequeno imposto de importação que gira em torno de 2% e eles têm indústria local. O governo deveria ser mais flexível e dar condições de para que todo empresário que trouxesse uma empresa para o Brasil ou para aqueles que já atuam aqui de investir na produção, de receber incentivos,porque ele gera emprego, gera receita em forma do pagamento de divisas.

E a queda da portaria de nº 174 ajuda nesse cenário?E o Ex-tarifário? 

Essa guerra fiscal do ICMS não faz bem para o país como um todo, porque acaba penalizando algunsem detrimento de outros Estados da Federação. Para o país é, teoricamente, bom descentralizar, o que não pode haver é uma disputa interna. A Camex (Câmarade Comércio Exterior), publicou as resoluções nº17 e 18 e nominou os 300 itens, sem similares no mercado nacional, com o imposto sobre importação reduzido para 2%. A resolução nº 17 altera as alíquotas de produtos como motores de pistão, bombas centrífugas, entre outros, até 31 de dezembro de 2013. Já a resolução nº 18 compreende bens de informática e telecomunicações, e terá validade até 31 de dezembro de 2014. Essa redução do imposto para 2% para itens não produzidos no país é o mínimo que se poderia esperar do governo. O ideal seria zerar a tributação,mas isso eu acho muito improvável acontecer.

Como a Abimei pode assessorar seus associados na obtenção de Ex-Tarifários para máquinas e equipamentos sem similares nacionais? Qual a duração do processo nos casos de solicitação de novos e na renovação daqueles em vigor ou vencidos?

Temos auxiliado os associados por meio de parceiros especializados nesse tipo de necessidade e o governo tem sido muito sensível ao fato de que não basta mais somente uma fonte, no caso a Abimaq, dizer que, dentre seus vários associados, podem ter possíveis fornecedores nacionais. Eles têm buscado informações no mercado para confirmar esse fato, pois nem sempre aquilo que se diz é comprovado. Nós queremos ser uma das fontes entre as entidades de classe a ser consultada para comprovar se a fabricação de determinada máquina nacionalmente procede. Isso faz que o processo de obtenção de um novo Ex ou sua renovação seja bastante tortuoso, levando, de 90 a 180 dias para um parecer consistente. 

Ennio Crispino

abimei@abimei.org.br

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