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Desenvolvemos tecnologia em conformação mecânica no Brasil?
Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Fraunhofer-Institut mostrou que a Alemanha caiu para o sexto lugar no ranking dos países que investem em desenvolvimento de tecnologia. Nesta pesquisa, a Suécia ficou em primeiro lugar. O mesmo estudo ainda mostra o Brasil como um país que nada investe em desenvolvimento de tecnologia. Alguns setores da Alemanha ficaram muito preocupados com esta queda de investimento.
A pergunta que se faz é: Será mesmo necessário investir em pesquisa tecnológica neste país?
O Brasil detém uma das maiores reservas de matéria-prima do mundo, possui energia elétrica e mão de obra barata. Nossas empresas são protegidas pelo governo que, com altíssimas taxas, impede a entrada de produtos estrangeiros no país. Essa proteção é inimaginável em países europeus. Nossos empresários ganham muito dinheiro. Muitas de nossas forjarias, se fossem transferidas para um país desenvolvido, não subsistiriam um mês. Aqui, elas ganham dinheiro, não precisam desenvolver tecnologia, nem precisam de doutores especialistas formados nas universidades brasileiras com o único fim de desenvolver tecnologia. A grande maioria destes recursos humanos ou fica nas universidades ou vai para o exterior.
Nosso governo até disponibiliza recursos financeiros com custos subsidiados para o desenvolvimento de tecnologia. Quantas empresas fazem uso desses recursos? No programa Sibratec da FINEP (em que a microempresa entra com 5%, a pequena com 10%, e a media empresa 15%), na Rede de Manufatura e Bens de Capital (MBC), desde 2009, apenas 12 empresas encaminharam projetos. Para empresas de grande porte existe o programa EMBRAPII, em que 50% dos recursos disponibilizados pelo Governo Brasileiro são a fundo perdido, também a participação industrial é ínfima.
As demonstrações de resultados de pesquisas tecnológicas feitas pelas nossas empresas são insignificantes. Em 32 anos de realização do Senafor, a nossa Conferência Internacional de Forjamento, não houve uma só apresentação dos maiores fabricantes de matéria-prima para forjaria do país. O que impressiona é que temos aqui uma das matérias-primas para forjados mais caras do mundo, e nada se mostra relacionada ao desenvolvimento de tecnologia nesta área.
No Brasil não temos também nenhum centro de pesquisa em Processos de Fabricação por Conformação Mecânica. Precisamos?
Prof. Dr. Lírio Schaeffer
Professor e engenheiro, com 40 anos de profissão, mestrado pela UFRGS e doutorado pela Universidade Técnica de Aachen (Alemanha) e presidente da Comissão Organizadora do Senafor, conferência anual do setor de forjamento no Brasil.
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