GESTÃO & NEGÓCIOS
Governo ou circo?
Quando se compara um governo a um circo a primeira imagem que vem na cabeça das pessoas é a do palhaço. Uns imaginam um palhaço alegre, outros imaginam um palhaço triste. Eu, particularmente, não vejo graça nessa analogia e, mesmo que visse, não ousaria publicar.
O circense clássico é aquele que equilibra pratos na ponta de uma vara e assim vejo a atuação do Governo. A diferença é que no circo equilibram-se 10 ou 12 pratos após anos de treino; no Governo os pratos vão se quebrando um a um e a culpa é sempre da platéia.
Girar pratos requer atenção e conhecimento; esta arte não admite imperícia, negligência e muito menos imprudência. Exige técnica, planejamento e disciplina.
A regra é manter os pratos girando em harmonia e dar-lhes novo impulso de tempos em tempos. O picadeiro, as varas e os pratos têm preparo especial. O artista circense tem o treinamento e a responsabilidade. Ele sabe que se um prato cair colocará em risco o prestígio do circo e poderá até perder o emprego.
No Governo, quando um funcionário deixa um prato cair, ele é transferido. Seria como se no circo o equilibrista fosse fazer as funções do domador de leões.
A arte circense costumeiramente é passada de geração em geração. Quem nasce no circo não tem muita opção a não ser seguir a carreira dos parentes ascendentes. Para tal, dedicam-se desde a idade mais tenra e só assumem posição no picadeiro quando estão prontos. No Governo, os cargos são loteados baseados numa trama difícil de explicar, mas muito fácil de entender.
E os mágicos? Ah, os mágicos. Nesta seara os circenses perdem de longe. Estes dão cabo de um coelho na cartola, enquanto aqueles, os próprios cartolas, dão cabo de milhões de coelhos.
Aos empresários, ao que me parece, só resta dar uma de urso que dança conforme a música. Afine bem os ouvidos para a música que irá tocar. O dólar sobe? Exporte. O dólar cai? Importe.
Uma coisa é certa: estou torcendo para não ver o circo pegar fogo!
Hans Müller é sócio-diretor da White Oak Marketing
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