Fundamentos de Marketing
A vaca foi para o Uruguai
O resultado de qualquer competição é medido pela diferença entre o esforço demandado pelo vencedor e pelo perdedor. Em meu último artigo tratei a invasão de produtos chineses no mercado brasileiro como resultado de uma “operação cupim”. Embora este seja um dos principais motivos pelos quais o Brasil coloca sua indústria em risco de extinção, não é o único. Sob o pretexto da globalização, o Brasil está investindo em plantas industriais nos Estados Unidos, Índia, China e países do Mercosul. Este movimento seria positivo se fosse, a exemplo do que ocorre com países do primeiro mundo, uma forma de explorar o mercado mundial. Uma parte pode até ser, mas o que realmente está acontecendo é uma fuga dos altos custos de produção decorrentes do preço de energia, mão de obra e impostos.A produção brasileira no exterior, principalmente no Mercosul, visa o mercado brasileiro.
Trocando em miúdos, o capital brasileiro, seja privado ou estatal, via BNDES, está sendo aplicado de forma a gerar empregos fora do país. O pior é que não podemos culpar o empresariado que dança conforme a música. Se a vaca não foi para o brejo, está no Uruguai.
Comentários de ordem político-partidária não fazem parte de meu discurso, mas externo minha indignação ao constatar que o partido que surgiu em defesa dos trabalhadores, agora no Governo, tenha adotado políticas cujo resultado se traduz na exportação de empregos. Recentemente recebi uma consulta de um leitor desta coluna, fabricante de parafusos, perguntando o que fazer para salvar seu negócio. “Qual seu negócio?”, perguntei.
“Fabrico e forneço elementos de fixação para a indústria moveleira do sul do Brasil. Os custos estão aumentando e estou perdendo mercado para produtos chineses. Não sei até quando poderei sustentar meus empregados...” e por ai foi o comentário.
Minha resposta foi de triste objetividade: “Quando uma empresa está ‘sustentando’ empregados é porque já passou do tempo de encerrar as atividades. Pare de fabricar e importe da China aproveitando sua capacidade de distribuição”. Fica a pergunta: Até quando o Estado terá fôlego para financiar esta aventura?
Hans Müller é sócio-diretor da White Oak Marketing
hans@whiteoak.com.br
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