Operação Cupim
Cupins exercem importante papel no equilíbrio ecológico da Terra. São os responsáveis por parte da decomposição da massa vegetal. Vivem em colônias organizadas.
Tem castas de operários, soldados e, para a reprodução, um rei e uma rainha. Anualmente, no início da estação chuvosa, ocorrem as revoadas de cupins alados, conhecidos como aleluias ou siriris. Durante este período ocorre o acasalamento e formação de novas colônias.
Nossas florestas não seriam tão pujantes não fossem os cupins. Dentro da minha casa, entretanto, luto contra eles como quem defende a vida. Em época de revoada fecho as janelas pois, sei que um casal de aleluias formarão uma colônia com milhares de cupins. Eles são sorrateiros, espertos e organizados. São capazes de “comer”, internamente, um móvel de madeira inteiro deixando uma fina casca exterior. Quando nos damos conta do prejuízo já é tarde demais.
Por analogia defendo a tese que nossa economia está sendo vítima de uma “Operação Cupim”. O Brasil está sendo devorado internamente em ritmo alarmante.
Existem lojas chinesas de presentes espalhadas pelo país há décadas; ótima estrutura de distribuição logística. Os supermercados e magazines estão abarrotados de produtos chineses e, as indústrias estão deixando de produzir para tornarem-se meras montadoras abastecidas de insumos orientais, ou seja; matéria-prima, produtos industrializados, energia e mão-de-obra.
A conta está sendo paga com commodities sem gerar os empregos necessários para os trabalhadores brasileiros. Os investimentos estrangeiros na produção estão concentrados em montadoras que facilmente podem ser desativadas
assim que cessarem os incentivos ou as demandas.
Rogo aos empresários e ao Governo, que não subestimem a “revoada do oriente”. Dos empresários, espero determinação e muito trabalho; do Governo, espero condução de política econômica, normas e leis que protejam a produção e o pleno emprego. Quem já viu a devastação que uma colônia de cupins é capaz de realizar, há de concordar; a economia brasileira corre sérios riscos de decomposição acelerada.
Hans Müller é sócio-diretor da White Oak Marketing
hans@whiteoak.com.br
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