Pino: um elemento anônimo, mas importante na fixação
Todo mundo conhece bem o parafuso e sabe a sua utilidade. Porcas e arruelas também são bastante conhecidas, porém, a família dos elementos de fixação
vai muito além disso
Rubens Frias
Existem os anéis, as chavetas, as molas, as cupilhas e também os pinos. Estes, por sua vez se dividem em dois grupos, os elásticos (fabricados em aço-mola, partindo de chapas) e os de aço maciço (conhecidos como pinos-guia). verdade, os pinos são utilizados em diversos segmentos, sendo muito importantes na confecção de máquinas de: embalagens, gráficas, alimentícias, usinagem etc. Na confecção de moldes e estampos, os pinos-guia (como o próprio nome sugere), conduzem duas ou mais peças justo-postas, em que a precisão de junção seja necessária. Eles são inseridos antes dos parafusos, pois por haver uma folga natural na confecção da rosca, poderiam causar desvios nessa junção. Os pinos corrigem esta folga, guiando as peças com total precisão. Apesar de parecerem apenas um pedaço de material cilíndrico, cortado em segmentos, os pinos exercem papel fundamental na parte de montagem e ajuste, e para se confeccionar um bom pino é necessário ter uma boa retífica, já que a tolerância é medida em microns (bem mais fina que um fio de cabelo), e deve ser controlada com micrômetro digital de alta performance.
Dez passos para a escolha correta de pinos
1 - Tipo: a escolha do pino adequado varia de acordo com o projeto a ser executado, encontra-se os pinos paralelos, cônicos e com cabeça. Os paralelos são os mais utilizados como guia, enquanto que os cônicos são mais aproveitados como trava;
2 - Norma: ao projetista, é interessante consultar as normas técnicas relativas a essa linha, pois os pinos normalizados são mais facilmente encontrados nas lojas (procure no quadro abaixo qual a norma mais adequada); 3 - Aço: as indústrias brasileiras de pinos trabalham, basicamente, com três tipos de materiais constantes na norma, sendo eles aço carbono comum (ressulfurado ou não), aço liga alto carbono 52100, e aço inox 304. Porém, o cliente pode determinar o aço de sua escolha, lembrando que nestes três tipos de aço, será mais fácil encontrar no mercado a pronta entrega;
4 - Medidas: as medidas também serão necessárias ao projeto, em contra partida, recomenda-se não adotar medidas quebradas, tanto no diâmetro como no comprimento. A norma ISO adotou o sistema métrico, logo os pinos milimetrados são os mais comuns. Poderá haver necessidade de pinos em polegadas, que poderão ser confeccionados normalmente, mas, são mais raros. Quanto mais padronizado, mais se colabora com o barateamento do projeto;
5 - Formato: os pinos podem ser paralelos, cônicos e com cabeça (com ou sem furo de cupilha). Podem ter alguns detalhes como: canais para colocação de anéis, entalhes, recartilhados, roscas (internas e externas) e chanfros longitudinais para saída de ar;
6 - Tratamento térmico: são fabricados pinos sem têmpera e outros que são tratados termicamente por norma. Os de aço carbono tratados possuem camada cementada (conforme norma) e os de aço liga são temperados. Verifique a necessidade de têmpera conforme o uso e a resistência a tração (carga que ele deverá suportar);
7 - Tratamento de superfície: pode ser adotado algum tratamento de superfície, como a fosfatização, zincagem, oxidação e outros. Os pinos de estoque vêm apenas embalados com óleo protetivo, sem nenhum outro tratamento externo;
8 - Tolerância: normalmente os pinos são vendidos na tolerância para eixos ISO m6, os cônicos em h10, e os com cabeça h11, porém, a tolerância também poderá ser adotada especialmente para cada projeto. Utilize na tolerância de pinos, sempre, as letras minúsculas para eixos e maiúsculas para furos, assim evita-se confusão na hora da confecção ou pedido dos pinos;
9 - Sistema de substituição: para furos passantes, pode-se adotar os pinos lisos, mas, quando requerer substituição em furos cegos, recomenda-se os pinos roscados (internamente, para inserir totalmente o pino, e, externamente nos pinos cônicos, quando a inserção for parcial). Isso facilitará a retirada através dos saca-pinos (ferramenta vendida nas principais lojas do ramo);
10 - Onde encontrar: as lojas especializadas em vedação e fixação são as principais fornecedoras desses tipos de peças, mas, como a procura tem aumentado, muitas lojas de parafusos também estão se especializando nessa linha. Consulte seu distribuidor habitual de parafusos.
Veja no quadro a seguir as principais características de alguns tipos de pinos:
Implantando a linha de pinos na revenda
É possível com um investimento relativamente pequeno incrementar a linha de pinos na revenda de parafusos, pois se trata de um produto rentável e menos concorrido que o parafuso. Embora seja menor a procura de pinos em relação aos parafusos, muitas cotações vêm acompanhadas de itens de pinos, todavia (mais por desconhecimento do que por desinteresse), o revendedor descarta o que poderia ser mais uma opção de ganho, deixando a cotação sem resposta nestes itens.
Para implantar a linha de pinos comece escolhendo os modelos DIN 6325 e 7979, que são os mais procurados, com as medidas finalizadas com zero. Exemplo: 5 x 30, 5 x 40, 5 x 50, e assim por diante, sendo que os diâmetros mais comercializados são 6, 8, 10, 12 e 16 no DIN 7979 e do 2 ao 16 no DIN 6325. Com pouco espaço físico, o revendedor pode manter as medidas-chave para atender o público. Com o tempo e a prática, ele ampliará seu leque de medidas, baseado no perfil da clientela.
Aos poucos poderá, além de atender a demanda de balcão, manter estoque próprio dentro das grandes indústrias. Como dica, procure um fabricante que possa lhe oferece sugestões de medidas e quantidades adequadas a sua expectativa de investimento na linha. É importante que seja divulgado junto aos clientes, o início da comercialização dos pinos na loja. De resto é praticar e vender.
Ao começar a trabalhar com pinos, exercitará a viabilidade do negócio. Lembre-se que parafusos e pinos caminham sempre juntos em uma montagem. Atenção: pinos são diferentes de parafusos no manuseio, portanto, evite muitos manuseios, contagem em superfícies sujas ou empoeiradas. Evite usar a mesma nomenclatura de rosca. Exemplo: pino M6 x 20 – isso não existe, pois o pino é simplesmente 6 x 20, a rosca dele (no caso do DIN 7979) será M4, e a tolerância m6, portanto, adotar o M característico de parafuso poderá provocar confusão. De resto, acredite nesse negócio e boas vendas.
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