A carga tributária e o pijama
Recentemente, pesquisei preços para a compra de um pijama, em razão de uma viagem que faria ao Sul do País (região muito fria nesta época do ano). Em uma determinada loja encontrei um conjunto ao preço de R$ 40,00, que achei caro e não comprei – as lojas e confecções que me perdoem. Neste mesmo período, assisti uma reportagem na televisão, onde vereadores – de uma cidade do Sul do Brasil, por sinal – foram flagrados fazendo turismo, ao invés de estarem participando de cursos de aperfeiçoamento, pagos com dinheiro público. Conclusão: eles não compareciam as aulas e, com a conivência dos organizadores dos “cursos”, ainda recebiam os diplomas. Primeiro: entendo que se representantes eleitos (sejam eles vereadores, deputados etc) necessitam fazer cursos, é sinal de que não estão prontos, portanto, não deveriam estar onde estão [eleitos]. Segundo: se querem se aperfeiçoar, que os façam pagando dos próprios bolsos, aliás, “muito bem remunerados”, como todos sabemos.
Isso prova que a diminuição da carga tributária é possível e necessária sim, pois, se este dinheiro dos cursos e de muitos outros que são desperdiçados, ficassem no bolso do cidadão comum, certamente, ele seria direcionado para compra de produtos e/ou serviços no mercado comum, onde fraudes como essas não encontrariam condições de existir. Ou seja, quem em sã consciência pagaria um curso do próprio bolso para alguém fingir que ensina?
Durante a década de 1970 e 1980, a carga tributária sobre tudo que se produz no Brasil, o PIB, era em torno de 24%, sendo que hoje alcança 36%, onde o investimento em infra-estrutura era de 4% do arrecadado, contra o atual de 1%. As razões para estes aumentos ocorreram, principalmente, a reboque das demandas por investimentos e gastos sociais. Utopia a parte, seria interessante saber qual o argumento dominaria a cena atual e política se os “pobres e humildes” entrassem em extinção. Voltando ao pijama, imaginem ele chegando ao ponto de venda ao valor líquido em torno de R$ 30,00, onde o peso tributário seria 24%, ao contrário de 36% atuais. Esta diferença, impactada pela adequação dos tributos, manteria o dinheiro nas mãos do produtor e do consumidor, em um ciclo sadio e eficaz, onde a confecção compraria matéria prima com menor custo, a loja teria mais giro e o comprador [eu, no caso], teria menor preço e mais saldo para comprar, do que no dia em que saí da loja de “mãos abanando”.
Boa leitura!
Sérgio Milatias
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