Editorial
A idade da pedra não acabou por falta de pedras
Indispensáveis, os fixadores estão no caminho das energias alternativas
Se o caro leitor já conhecia a frase título deste editorial, por favor, não fique despontado com essa artimanha em despertar sua atenção. A autoria é de Ahmed Zaki Yamani (1930-2021), ministro da Arábia Saudita entre 1962 e 1970, responsável pelo setor de petróleo. Nela, Yamani quis dizer que o petróleo perderá sua relevância muito antes de acabar.
No Brasil, além de faltar luz, falta clareza sobre quais as fontes de energia realmente irão sustentar as demandas da população e da produção. Mas isso não é problema, e sim uma grande oportunidade. E oportunidades, como sempre, só são enxergadas por poucos. Sorte deles.
Felicidade à vista, pois os ventos que trouxeram a civilização ao Brasil – quando este país ainda estava, praticamente, na Idade da Pedra – vem se tornando, junto com o sol, uma imensa fonte de novos negócios. E algumas das portas dessas oportunidades serão reabertas ainda em 2021, com o retorno das feiras de negócios, e com visitantes. Dentre elas a Brazil Windpower (03-05/nov.), de energia eólica, e a InterSolar (18-20/out.), de energia solar.
Dados de 2020 da Associação Brasileira de Energia Eólica mostram que 103,03 gigawatts (GW) de energia ainda provém das usinas hidrelétricas (58.8% do consumo nacional). Enquanto 17,75 GW vem dos ventos (10,1%), com 3,29 GW radiados pelo sol (1,9%).
As novas matrizes energéticas têm pela frente não só a chance de ajudar a suprir o que já está por aí, mas elas têm o desafio de serem, também, fontes relevantes no abastecimento de milhões de automóveis elétricos. E muito se têm falado desses novos carros, mas sem citar de onde virá tanta energia, pois, colocar milhões de smartphones na carga elétrica toda noite é fácil. Mas e quando forem milhões de carros?
É claro que todos estes questionamentos têm cara de encrenca, para uns; para outros têm cara de oportunidade.
Concluindo, a criatividade e o oportunismo não acabarão por falta de ideias, e sim pela ausência de percepção e esforço.
Boa leitura!
Sérgio Milatias