Entrevista
Sergio Lucas, diretor de operações do Grupo Belenus
Executivo aborda atualidades e os avanços do grupo, especialmente após alcançar a maior capacidade produtiva entre as fabricantes de fixadores em operação no Brasil
Sergio Lucas e João Marcos Lucas
Indústria de fixadores fundada e presidida por João Marcos Lucas, empresário oriundo da revenda de fixadores, a Belenus tem uma trajetória meteórica em seus quase vinte anos de atividades. Nesta entrevista com seu diretor de operações, Sergio Lucas, destacamos o mais recente avanço da empresa após substancial aquisição de máquinas no ano passado, o que a elevou ao 1º lugar em capacidade produtiva entre as indústrias de fixadores no Brasil.
Com destaques para 13 máquinas Sacma (Itália) e 5 National Machinery (EUA), esses dois modelos – top de linha em se tratando de conformação a frio seriada – foram destinadas para a produção de fixadores em bitolas ente M6 e M20. Assim, sua capacidade produtiva para fabricar parafusos, porcas e similares, standards e itens especiais, saltou para 8 mil toneladas, 2 mil toneladas a mais que a anterior. Muito além de parafusos e afins, a Belenus é um grupo. Há tempos suas atividades se dividem com uma grande divisão comercial dedicada à distribuição de mais de 15.000 itens, composto de produtos de diversas outras marcas, para uso nos setores de material de construção, além de outros itens relevantes como ferragens, ferramentas e diversas peças e equipamentos. Também fazem parte dessa divisão marcas próprias do Grupo, tal como a BelEnergy, de produtos fotovoltaicos; a BelFit, de mangueiras e terminais hidráulicos; BelLift, produtos para movimentações de cargas; Beltools, linhas de ferragens e ferramentas.
RP - Em nossa entrevista de junho de 2011 (edição RP29) o Grupo faturava por ano R$ 315 milhões; a fábrica tinha 36 mil m² de área construída, num total de 150 mil m². Pode atualizar esses dados?
Sergio Lucas - Ocupamos aproximadamente 120 mil m² de área construída, sendo 60 mil m² em área fabril e 60 mil m² entre os centros de distribuição e escritórios, num total de 400 mil m² de terrenos. Com o significativo aumento nos volumes produzidos, a inflação do período e a entrada de novas unidades de negócios, para este ano projetamos ultrapassar R$ 1,5 bilhão de faturamento.
Em números gerais, qual é o panorama atual em colaboradores diretos e indiretos – entre os centros de distribuição, fábricas, as unidades RS, ES e PE – volumes de produtos movimentados etc.?
São 1,6 mil colaboradores diretos e outros 400 entre representantes e terceirizados. Temos 600 funcionários na fábrica, 50 no RS, 50 no ES, dez no PE e os demais divididos nos três CDs de Vinhedo, SP. Movimentamos, em média, 6 mil toneladas mensalmente.
Fabricar ou revender? O que ao longo desses 20 anos valeu mais fazer?
A Belenus nasceu com “DNA comercial” e acreditamos que este ainda seja nosso grande diferencial. Iniciamos a fabricação para um melhor atendimento aos clientes e, ao longo desse tempo, aprimoramos a estrutura fabril com equipamentos muito modernos. Revender produtos foi a base do nosso crescimento, mas, certamente, não teríamos alcançado o atual patamar sem os investimentos efetuados na produção interna.
Qual o percentual entre fixadores produzidos e importados? Isso se dá somente pelo câmbio, ou o que se faz aqui e o que se evita fazer, tal como em inox?
Planta industrial da Belenus, em Vinhedo, SP
Produzimos internamente aproximadamente 80% do volume de fixadores comercializados. Priorizamos ao máximo a fabricação própria e importamos produtos para os quais ainda não dispomos dos equipamentos mais adequados, ou que sejam economicamente inviáveis de serem produzidos no Brasil.
Fixadores representavam 75% do business, com o restante para as outras divisões e marcas próprias. Isso mudou?
Com a inclusão das novas unidades de negócio ocorreu uma redução natural da participação total dos fixadores no business Belenus. Hoje, eles representam algo em torno de 60% dos negócios, mas, até por uma questão de afinidade, demandam 90% de nosso foco e dedicação.
Após a vultuosa aquisição de máquinas em 2020, o que vem aí? Haverá uma expansão para setores como o automotivo e autopeças, expansão?
O mercado externo já é realidade para nós, com exportações em expansão para países da América do Sul. Não temos planos para entrada ou atuação em mercados específicos. Com a aquisição desses equipamentos objetivamos substituir a importação de produtos, ampliar a disponibilidade de estoque, melhor atender o mercado e, consequentemente, incrementar os volumes de vendas. Possuímos muita afi nidade com a rede de revendedores, e neste segmento é que buscamos a principal fonte de crescimento.
O que o mercado ainda não sabe sobre a Belenus?
Para complementar a compra das prensas efetuadas do ano passado, até o final de 2021 investiremos mais de R$ 100 milhões na estrutura fabril, na armazenagem e no escoamento dos produtos. Estão no foco os fornos de tratamento térmico, as linhas de zincagem, preparação de matéria prima, construção de um novo centro de distribuição – ao lado da planta industrial na cidade de Vinhedo, SP – ampliação dos transelevadores, automatização da expedição etc.
Em julho de 2022 a Belenus completará 20 anos. O que podemos esperar de impactante daqui por diante?
Podemos garantir que nossos planos futuros são ousados. Para não estragarmos as surpresas discorreremos sobre eles em outras oportunidades.
Sergio Lucas