Persona
Falta aço ou não?
Entre março e abril de 2020 poderíamos dizer que o mundo iria acabar (se não acabou...). Especialmente no Brasil, as indústrias enfrentavam uma situação jamais vista, com cancelamentos de pedidos em abundância e incontáveis solicitações de prorrogação de títulos. Um verdadeiro caos. Para se ter ideia alguns cartórios já não protestavam mais os títulos. (Foto - Dr. Ricardo M. Castelhano)
Eis que empresas como a nossa, tiveram redução no faturamento em inimagináveis 50%, se comparado ao nível normal. Logo, postergamos todas as entregas de aço programadas para os três últimos meses do semestre. Por sua vez, as usinas com a necessidade de faturar ofereciam condições de pagamentos vantajosas. Porém, sem a chamada “luz no fim do túnel”, agradecíamos e posteriormente declinávamos.
Inesperadamente, entre o final de abril e o começo de maio as vendas “estouraram” entre 30% e 40% a mais que o normal. Em junho e julho isso orbitou entre 50% e 60%, e assim foi... quase dobrando no final do ano passado. Chegamos ao ponto de voltarmos a “tempos quase ancestrais” quando nossos prazos de entregas oscilavam em quase 90 dias. Sim, 90 dias!
Portanto, a grande pergunta que fica é se teríamos entregas de aço para atendermos tamanha demanda?
A resposta é: depende! Até certo ponto sim, haja vista que a partir de agosto e setembro os fabricantes de fixadores se viram em meio a inúmeros cortes de cotas de aço pelas usinas que, basicamente e infelizmente, se limitam em apenas duas, principalmente.
E por que ocorria essa falta de matéria-prima?
Por escassez de minério de ferro? Dólar alto favorecendo a exportação desse minério e, também, seu produto acabado? Explosão do consumo de aço pela construção civil, muito aquecida? Falha de planejamento da usina (e manutenção em alto-forno)? Ou que todos nós jamais esperaríamos tal explosão no consumo?
A resposta é: todas estão corretas. E agora, como estamos?
Daqui por diante, com algumas empresas levadas a importar fio-máquina, principalmente, e as usinas retomando as cotas aos poucos acreditamos que as entregas e respectivas cotas se normalizem até o fim deste semestre, se Deus quiser...
Dr. Ricardo M. Castelhano
Advogado e CEO da Jomarca Industrial de Parafusos Ltda.