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Entrevista
10/08/2020 09h23

Entrevista

Dr. Volker Lederer, presidente da European Fastener Distribution Association

Executivo alemão fala dos 20 anos de fundação da associação que preside e dos efeitos da pandemia no setor 

Diretor da distribuidora especializada em fixadores de inox, a Lederer GmbH, empresa co-fundada em 1970 por seu pai, Rainer Lederer, sediada em na cidade alemã de Ennepetal, nosso entrevistado é graduado e pós-graduado em Negócios e Comércio Exterior. Desde maio de 2012 ocupa a presidência da European Fastener Distributors Association - EFDA, que tem no ano de 2020, em plena pandemia, o marco de duas décadas de atividades, temas que tratamos a seguir.

Justamente agora que a EFDA celebra o 20º aniversário enfrentamos essa tragédia da Covid-19. O que você pensa sobre?

Ela atingiu os distribuidores de fixadores europeus em março. Mesmo que a maioria das empresas tenha melhoras nessa situação, o que virá nos próximos meses ainda é muito incerto.

É uma crise que não tem apenas forte impacto no dia a dia das empresas que a EFDA representa, mas também no trabalho dela como organização e rede de lobby. Com relação aos 20 anos, decidimos adiar o evento de aniversário para 2021, a ser realizada em Bruxelas, Bélgica, a capital da União Europeia (UE). Esta não é apenas uma boa ocasião para o trabalho em rede, mas também para promover o comércio livre e justo em um mundo politicamente incerto.

Nossa próxima assembleia será por meio de videoconferência, no outono europeu e sem festividades. Um efeito positivo da pandemia é que realizamos videoconferências regularmente, dando a nossos membros a oportunidade de conversar entre si e trocar informações e pontos de vista sobre a pandemia. Estou certo de que o uso das videoconferências introduzidas nessa crise, definitivamente, continuará a desempenhar um papel significativo também quando tudo isso terminar. 

Então fale de ações e missão da EFDA.

A EFDA une o setor de distribuição de fixadores na Europa e no mundo. Antes, esses distribuidores dispunham somente de suas associações locais, mas não uma "associação guarda-chuva". Isso não lhes davam voz em nível europeu, tampouco influência política em nível da União Europeia (UE).

Uma ação crucial EFDA ocorreu em 2004, quando a UE impôs um imposto antidumping sobre fixadores feitos em aço inoxidável (inox), vindo de nações asiáticas, China, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia e Vietnã. Por outro lado, os fabricantes europeus de fixadores já tinham sua associação, a European Industrial Fastener Institute (EIFI) como uma forte organização de lobby em nível da UE. A EIFI desempenhou um papel crucial neste antidumping, promovendo obviamente seus interesses.

A experiência com fixadores inox foi uma das razões para os distribuidores europeus fundarem sua representação, unindo associações locais em defesa dos seus interesses.

EFDA também tem como membro a MEFDA, entidade que agrupa países menores e que não têm associação local, tal como a Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Polônia, República Tcheca, Romênia e Suécia.

Cabe a EFDA esclarecer ao mercado o papel crucial dos distribuidores de fi xadores para a produção industrial europeia como um todo, agindo como uma forte organização de lobby junto à Comissão Europeia – CE e junto a outras entidades da UE e do mundo. Nenhuma associação local teria peso e obteria os mesmos resultados agindo sozinha.

"Como missão, a EFDA defende o livre comércio e a competitividade internacional de seus membros."

Como missão, a EFDA defende o livre comércio e a competitividade internacional de seus membros. Acreditamos firmemente que a competitividade em escala global é uma condição prévia para a prosperidade europeia e que a regulamentação, ao equilibrar o comportamento injusto, não deve restringir as capacidades dos distribuidores de fixadores de suportar um amplo espectro de setores industriais estratégicos da Europa com produtos de qualidade garantida e logística avançada.

Os membros EFDA e suas empresas associadas não apenas se beneficiam do lobby, como também recebem informações sobre medidas legislativas e outras ao nível da UE. Eles se beneficiam ainda mais da rede global da EFDA com organizações parceiras internacionais. Membros da EFDA participam de reuniões e conferências que servem de plataforma para os distribuidores europeus. Mais de 130 executivos de distribuidores de fixadores de toda a Europa participaram da Conferência Europeia de Distribuição de Fixadores, a mais recente realizada em Roterdã, Holanda, em 2018. Hoje, a EFDA é a voz dos distribuidores de fixadores da Europa, em nível europeu e internacional.

Quais pontos você destaca nesses 20 anos de história da entidade?

Como já mencionado, o evento crucial para o EFDA foi em 2004, quando a Comissão Europeia iniciou investigação antidumping sobre importações de fixadores em inox, vindos da Ásia. Esse foi um grande desafio para EFDA defender suas posições e ser ouvida pela CE.

Hoje, a EFDA participa regularmente de reuniões com a CE, com o Parlamento Europeu e outras associações. Participamos ativamente como uma parte interessada em investigações antidumping ou processos semelhantes iniciados pela CE. A EFDA conseguiu promover seus interesses no que diz respeito às investigações antidumping com a CE, conseguindo efeitos dos sistemas de vigilância anteriores, introduzidos em 2016 como uma reação à remoção de direitos antidumping sobre fixadores de aço carbono da China. Como resultado da nossa intervenção, a CE aumentou o limite para um requisito de licença de 2.500 kg para 5.000 kg para fixadores. Melhoramos nosso lobby nos últimos anos e continuaremos assim.

Outro passo decisivo foi transferir a sede da EFDA para Berlim, onde a FDS, associação local, alemã, já estava sediada. Assim, de 2013 em diante as entidades são geridas no mesmo escritório.

E sobre medidas durante a pandemia?

O tempo e o peso da pandemia variam entre os países da Europa, assim como as medidas tomadas pelos governos. Muitos países mudaram sua estrutura legislativa para ajudar as empresas a reagir aos desafios, mesmo que apenas por um período limitado. Tais medidas incluem a simplificação das regras relativas ao trabalho de curta duração ou a flexibilização da lei relativa ao tempo de trabalho durante a crise. Na maioria dos países membros da UE, os distribuidores de fixadores foram excluídos das medidas severas de bloqueio, em outros não. Empresas em muitos países introduziram trabalho de curta duração e, claro, home office para muitos de seus empregados.

Que tipo de problemas podemos esperar na relação entre UE e fornecedores asiáticos, especialmente a China?

Alguns fabricantes europeus estão assediando a CE com exigências protecionistas, o que teria sérias consequências para toda a economia europeia. Em última análise, o protecionismo enfraquece a indústria da UE, que deve ser capaz de competir efetivamente no mercado global. Em tempos como este, mais do que nunca, a UE não deve ceder aos desejos individuais de fabricantes. Em vez disso, ela deve promover consistentemente mercados abertos baseado em regras. Tarifas, medidas de salvaguarda ou outras somente poderão ser introduzidas se forem indispensáveis e se todos os atores econômicos envolvidos, incluindo explicitamente importadores, tiverem participado das discussões. A economia europeia depende de importações para sua competitividade e satisfazer as necessidades dos consumidores. Isso se aplica, em particular, à importação de fixadores, sem os quais nada pode ser produzido.

Como prioridade, a UE deve evitar o protecionismo mútuo e os conflitos comerciais e tornar o fornecimento global de produtos e serviços essenciais mais eficientes durante a crise. Ela deve trabalhar para garantir que os membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), e em particular os países do G20, cooperem melhor e facilitem o comércio.

Qual o panorama sobre as vendas antes e depois de 11 de março de 2020?

Ocorreu um forte impacto no mercado de fixadores, com uma gama de regulamentação menos severa por parte do estado na Suécia e mais severa na Itália e Espanha. Dependendo da indústria e da base de clientes, o quadro nas empresas e nos países é diferente. A queda é particularmente grave nas indústrias de engenharia automotiva e mecânica. Após uma forte queda do volume de negócios em março ou abril de 2020, muitos membros viram uma leve recuperação do mercado de fixadores nas últimas semanas (a entrevista ocorreu na primeira semana de julho).

Como você acha que estará o mercado a partir de agosto?

É claro que é muito difícil prever como a pandemia afetará nossa indústria durante o resto do ano. E isso também depende da situação de toda empresa. Enquanto o negócio de bricolagem (faça você mesmo) estava indo bem nos últimos meses, algumas indústrias, como a automotiva, sofreram grandes quedas. Consideramos que essa tendência continuará durante o resto do ano. Pelo que ouvimos, muitas empresas esperam um declínio entre 10 e 20% no faturamento em 2020. Algumas preveem cair até 50%.

EFDA tem algum plano de parceria com empresas do Mercosul?

À medida que as barreiras comerciais e outras medidas protecionistas nacionais continuam a flores-cer durante a crise atual, é absolutamente essencial que essas barreiras sejam desmanteladas o mais rápido possível. Precisamos urgentemente de novos impulsos positivos da política comercial, como um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul poderia nos fornecer. Pequenas e médias empresas nessas regiões se beneficiariam com este acordo comercial.

"Precisamos urgentemente de novos impulsos positivos da política comercial, como um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul poderia nos fornecer."

Como a EFDA estará em 2040, sem a Covid é claro?

Ela tentará obter mais membros para fortalecer-se ainda mais. Existem três tendências principais nos negócios de fixadores que afetam nossas empresas hoje, e se tornarão cada vez mais importantes nos próximos anos, tendências que certamente afetarão nosso trabalho: uma necessidade crescente de agir de maneira cada vez mais profi ssional, tendência à concentração e tendência à rápida mudança na regulamentação.

A regulamentação da cadeia de suprimentos cria muita burocracia para os distribuidores, e provavelmente continuará a crescer. O regulamento da UE sobre produtos químicos (REACH) ou a diretiva da UE sobre a restrição de substâncias perigosas (ROHS) têm um forte impacto no dia a dia de nossas empresas. O mesmo acontece com as disposições da Dodd-Frank Act e a California Proposition 65, duas leis dos EUA. Em apoio às nossas empresas, o EFDA concentrará seu trabalho nessas questões por meio de um comitê técnico e promoverá o intercâmbio entre seus associados. Continuaremos auxiliando- -os na política de defesa comercial, desenvolveremos o engajamento na regulamentação da cadeia de suprimentos, ampliaremos nossas atividades de rede e trabalharemos para um número crescente de membros.

Dr. Volker Lederer
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