Entrevista
Salvatore De Giorgi
Visitante constante nas unidades Acument Brasil, e homem forte quando o assunto envolve máquinas, desde julho de 2018 este executivo italiano assumiu toda operação local com a missão de aprimorá-la
Salvatore De Giorgi
Relembrando anos atrás no Brasil, a antiga Mapri, fabricante de parafusos e similares, havia sido vendida ao grupo norte-americano Textron, que por sua vez a revendeu ao grupo Platinum (do qual Acument fazia parte). Em 2014 o grupo italiano Fontana comprou as unidades Acument dos EUA, México e Brasil. Neste mesmo período o grupo entrou na Índia, comprando uma fabricante local, criando assim o BG Fastening & Engineering Industries, um player local que produz ao mês 880 toneladas de fixadores, destinados às indústrias locais de motocicletas.
Em meio a todo esse processo de globalização, um nome essencial na parte técnica dessas plantas industriais foi o de Salvatore De Giorgi, nosso entrevistado, que hoje mora no Brasil com a missão de fazer as unidades locais a imagem e semelhança de sua matriz.
De Giorgi é formado em engenharia química metalúrgica pela Universidade de Turim, entidade de ensino criada em 1404, sendo hoje uma das mais antigas e prestigiosas da Itália.
Quando e onde você começou na empresa?
Em 1989 ingressei no Grupo Fontana, iniciando na manutenção de máquinas, o que me deu um enorme aprendizado e elevado nível de conhecimento sobre prensas, laminadoras, ferramentas, além de fornos e todos demais equipamentos periféricos que envolvem preparação, fabricação, tratamento térmico e de superfície em parafusos e demais itens similares para fixação mecânica.
O que o levou a este atual cargo?
Essa trajetória me deu condições de participar ativamente em processos técnicos e decisivos não só na planta italiana, mas principalmente quando a Fontana adotou essa postura global com unidades produtivas em outros países. Visitei todas nossas fornecedoras em meio a vistorias técnicas, o que tornou essencial o meu ponto de vista nas escolhas e aquisições de toda maquinaria e ferramentaria.
O que está sendo inovado e investido nas plantas do Brasil?
Nas duas plantas brasileiras, implantamos 15 máquinas vindas da Itália. Em meados de 2019 concluiremos a instalação de uma nova linha de tratamento térmico. Não é de hoje que colaboramos com os fabricantes das nossas máquinas, discutindo as escolhas técnicas a fim de obter máquinas com tecnologia adequada à fabricação de novos produtos.
O que você espera em termos de expansão no mercado brasileiro em 2019, especialmente porque o DNA Acument Brasil é 100% automotivo?
Cheguei ao Brasil em definitivo ano passado, em julho, mas já estava envolvido com a operação local e vivi fortemente os efeitos da greve dos caminhoneiros [na qual estima-se ter ela reduzido 1% do PIB 2019] no início da minha gestão. Mas tenho expectativa de 7 a 8% de avanço na indústria automotiva. As fábricas de motocicletas representam 4% para nós, indicativo que podemos avançar. Entre minhas atividades locais venhoparticipando dos encontros no Sinpa (Sindicato dos Fabricantes de Fixadores), do qual faço parte tendo assumido recentemente a vice-presidência.
Quais pontos de destaque neste primeiro ano e o que espera alcançar?
Planta Industrial Acument em Atibáia, interior de São Palo
Reorganizar tudo para implantar aqui toda cultura Fontana [ou seja, “rinnovare tutta la casa”]. Substituímos fortemente a estrutura, substituindo as lideranças nos pontos chave para aprimorar os processos operacionais, tornando as unidades brasileiras um espelho da Fontana Itália. Isso é possível de alcançar especialmente porque há muita semelhança dos brasileiros com os italianos. Posso dizer que as pessoas que aqui estão possuem boa capacitação, e o primeiro passo tem sido acreditar e retransmitir a elas toda cultura que recebi do Grupo Fontana ao longo dessas três décadas. A meta é que eles tenham prazer por suas atividades, fazer algo se sentindo parte disso, dando ao cliente a confiança que ele tem ao seu lado não apenas um fornecedor, mas uma equipe confiável e comprometida. Essa é a minha principal missão aqui.