Entrevista
Alexander Ostashev, editor-chefe da revista russa Fasteners, Adhesives, Tools And…
O R do acrônimo BRICS, a Rússia tem nesta edição um breve resumo sobre sua trajetória e atual momento no Fastener Universe
Há 20 anos Alexander Ostashev criou a “Fasteners, Adhesives, Tools and…” (Fata Magazine), revista russa dedicada ao universo industrial e comercial de ferramentas, adesivos e, principalmente, parafusos, porcas e similares. Atualmente ele é membro do Conselho da Russian Fixing Union, a associação de fixadores. Além disso, Alexander assina algumas colunas em várias publicações sob o nome fasteners (fixadores). Nosso colega é idealizador e um dos organizadores de uma série de eventos para os players russos do segmento. Segundo ele, a Fata Magazine é a base de um projeto de mídia que objetiva reforçar as competências das empresas, profissionais e especialistas de diferentes regiões e segmentos para o desenvolvimento desses tipos de produtos. (Foto - Alexander Ostashev)
Diferentemente do tradicional perguntas e respostas aqui publicado, temos a seguir um breve panorama dividido em blocos sobre produção e comércio de parafusos neste que é o maior país do mundo em área territorial (17.124.442 km², o dobro do Brasil), onde habitam cerca de 144 milhões de pessoas. Segundo o FMI, o produto interno bruto (PIB) da Rússia orbita em US$ 1,65 bilhão/ano. Sua produção automotiva está na média de 1,5 milhão de autos/ano, segundo dados Oica.net, 2017, mesmo ano em que o Brasil fez 2,699 milhões de unidades. Além disso, essa nação extrai por dia 11 milhões de barris de petróleo, enquanto a média Brasil é 3,3 milhões.
Khorosheye chteniye (boa leitura)!!!
NO TEMPO DA UNIÃO SOVIÉTICA
Primeiramente, faremos aqui uma breve nota introdutória com uma visão geral e histórica sobre a região, passando por acontecimentos ainda sob a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Naquele período haviam plantas industriais de ferramentas e outros, dentre elas a Nevsky, Saratovsky e a Volgogradsky. Existiam diversas indústrias mecânicas em Ural, região localizada entre as planícies do leste europeu e oeste da Sibéria. Dentre elas a Cherepovetsky e a Orlovsky, ambas na laminação de aço, mas que também produziam fixadores e outros tipos de artefatos metálicos, principalmente aqueles a partir do uso de arames como matéria-prima. Para produzir fixadores automotivos durante os anos 1960 foi criada a BelZAN, indústria construída na República de Bashkiria, na cidade de Belebey, 1200 km a leste de Moscou.
NA ERA RUSSA
Após o colapso da URSS, em dezembro de 1991, a quantidade desse tipo de indústria diminuiu na Rússia. A Rechitsky, por exemplo, ficou fora, na Bielorrússia. Atualmente ela opera com sucesso, fornecendo seus produtos para diferentes países. Mesmo assim, uma parte de suas plantas foi fechada, muito em razão da “coagulação da produção industrial” e por sua orientação para a economia de matérias-primas. Em algumas das grandes indústrias de outros setores metalmecânico haviam nelas células produtoras de fixadores, mas para consumo próprio. Outra razão para o fechamento dessas fábricas foi a abertura das fronteiras, o que ocasionou a entrada de uma ampla variedade de importados. Foi difícil competir com esses produtos. Em seguida, vendedores e compradores russos tiveram que se familiarizar com os fixadores nas normas DIN. Atualmente, empresas russas são orientadas para os fixadores feitos de acordo com padrões alemães.
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Se nos voltarmos suavemente para a situação atual, temos a seguinte imagem: na Rússia existem várias indústrias que produzem em grandes escalas, onde incluímos a Severstal Metiz (www.severstalmetiz.com/eng), MMK-Metiz (http://en.mmk-metiz.ru/), NLMK-Metiz (www.nlmk.com/ en/). Essas empresas têm suas próprias matérias-primas dentro dos grupos às quais elas pertencem. Já a BelZAN (www. belzan.ru), empresa criada durante os anos soviéticos, continua em atividades, atualmente produzindo fixadores automotivos. Em 2015, uma nova fábrica de fixadores de alta resistência foi inserida na região de Ryazan. Na Rússia de hoje existem muitas empresas novas que produzem fixadores especiais, o que não pode ser feito com a ajuda do forjamento a frio. Também é necessário notar a contribuição de empresas estrangeiras na produção russa de fixadores. Por exemplo, no território da GAZ em Nizhny Novgorod, trabalha a sueco-russa Bulten Rus (www.bulten.com/ru-ru/start). Já a Europartner (www. europartner.su/eng.html), que foi posteriormente adquirida por parceiros russos, está bem sucedida na produção de buchas de Nylon.
A VOLTA DA PRODUÇÃO INTERNA
Os projetos de construção em larga escala, nos últimos tempos, para as Olimpíadas de Inverno (2014) e a Copa do Mundo de futebol (2018) geraram grandes demandas aos principais fabricantes de fixadores. Fortalecidos, essas empresas começaram a dominar o mercado doméstico em substituição as importações, cuja implementação ocorre em grande parte por meio das empresas comerciais.
Entre os empresários da nova geração afl ora grande interesse não apenas pela venda de fixadores, mas também pela sua produção. Empresas comerciais separadas, com canais de vendas que funcionem de forma sustentável e acompanhando as necessidades dos consumidores, estão começando a dominar certas posições entre as variedades de produtos que vendem. Se prestarmos atenção aos fixadores de plásticos e buchas, deve-se notar que agora os fabricantes russos produzem em grandes quantidades e dentro do que é exigido pelas construtoras e instaladores. Durante muito tempo, após o colapso da União Soviética, tudo isso era importado.
A melhoria do quadro regulamentar contribuirá para o desenvolvimento da produção russa de parafusos, isso inclui a atuação da Russian Fixing Union, que considera essa tarefa prioritária. Agora os membros da associação estão apoiando o desenvolvimento dos documentos regulatórios russos - GOSTs - em padrões para ancoragem.
CONSUMO APARENTE E O FUTURO
Mas ainda é difícil obter estatísticas sobre o mercado de fixadores na Rússia. Alguns deles provém dos membros da Prommetiz, associação que reúne vários grandes fabricantes de produtos de metal. Durante a conferência organizada por esta associação, no outono de 2018, foi dito que a capacidade do mercado de fixadores na Rússia é estimada em mais de 350 mil toneladas. Uma proporção significativa desses fixadores (cerca de 70%) é importada. Também foi observado que no mercado russo existe uma demanda crescente por modernos tipos de sistemas de fixação, e que são pouquíssimos produzidos pela indústria russa, mas em volumes insuficientes.
Encontro parafuseiro global no jantar de boas-vindas do Taiwan Fastener Show 2018:
Ali Baysal (Revista Fastener Eurasia, Turquia), Joe Chen (Taiwan Industrial Fasteners Institute, Taiwan), Sergio Milatias (Revista do Parafuso, Brasil) e Alexandre Ostashev (Fata, Rússia)
Até certo ponto, exposições sobre este tópico servem como um indicador do desenvolvimento do mercado de fixação. Se nos voltarmos para eles, precisamos dizer que, no momento, na Rússia não há feiras de fixadores. Mas já tivemos. Acredito que esses eventos reaparecerão, mas me pergunto: quando?
Fasteners, Adhesives, Tools and...
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