Aplicação de ligas especiais no setor Oil & Gás, Químico e Petroquímico é discutida no RJ
O assunto "parafusos e porcas", especialmente em aplicações submarinas, cada vez mais será considerado um fator importante para as empresas dos setores de Oil & Gás
Na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) a Multialloy, empresa fabricante de peças, equipamentos e elementos de fixação, promoveu em setembro deste ano o “II Workshop Internacional Sobre Tecnologia de Aplicação de Ligas Especiais Nos Segmentos Oil & Gás Químico e Petroquímico”.
Essa iniciativa teve como objetivo expor, para empresas e profissionais, informações adequadas sobre a aplicação de ligas especiais, parafusos e porcas, visando obter maior eficiência e evitar a ocorrência de acidentes e prejuízos, durante o processo e manutenção de máquinas, ainda mais agora que se inicia a uma nova era da produção no país. Ronald Carreteiro – engenheiro e diretor do segmento Oil & Gás, da Multialloy –, foi responsável pela palestra “Torqueamento em Parafusos”. Segundo ele, o Brasil passou realmente a dar importância às atividades de torqueamento a partir de 2002, após alguns acidentes com o uso de marretas para o aperto de parafusos em grandes empresas brasileiras. A introdução de procedimentos de aperto de parafusos surgiu com o advento da PCC- 1-2000 da ASME - que está sendo revisada – e a sua implantação no Brasil ainda está em curso.
Um dos problemas tem sido a falta de mão-de-obra qualificada dos operadores de máquinas de torque, ausência de conhecimento sobre cálculo de torque e os fatores que influenciam neste cálculo, além do pouco conhecimento sobre os métodos de aperto de parafusos. “O que empreendi a partir de 2003, no País, foi um conjunto de palestras sobre torque e procedimento seguro nas operações de torqueamento, através máquinas para esta finalidade, em três modalidades:
1) workshops livres em diversas cidades brasileiras; 2) palestras para uma empresa; 3) palestras para um conjunto de empresas – como foi o caso de siderúrgicas e mineradoras no interior de Minas Gerais.
Em especial esta, no Workshop Multialloy, envolveu os princípios básicos de torque, as variáveis que influem no cálculo do torque, e as técnicas de aperto de parafusos/porcas”.
Carreteiro ainda nos contou sobre os problemas técnicos envolvendo parafusos do equipamento que controla a pressão e vazão do poço submarino, no bloco de Tupi, com reservas de petróleo estimadas em 8 bilhões de barris. Este fato provocou a paralisação da produção na área do pré-sal da Bacia de Santos/São Paulo.
Eng. Ronald Carreteiro, durante sua apresentação
Segundo a Petrobras, o problema foi detectado nos “parafusos de fixação da Árvore de Natal Molhada – conjunto de válvulas colocadas sobre o solo oceânico, para controlar o fluxo de produção de um poço submarino” –, equipamento situado na saída do poço exploratório. Por medida de segurança, a companhia decidiu trocar todo o equipamento e não somente os parafusos com problemas.
Segundo Carreteiro, “a pressão do volume produzido naquela profundidade pode ter provocado vibrações acima das esperadas, afrouxando os parafusos, conforme depoimento de um dos técnicos do setor, dizendo que cada parafuso que fixa uma árvore de natal molhada possui a cabeça maior que a palma da mão”. Ainda segundo um outro técnico, “apesar dos parafusos e o equipamento como um todo serem dimensionados para atender a essa profundidade e passar por rígidos controles de padronização e qualidade, a Petrobras agiu corretamente em substituir o equipamento como um todo”, relatou Carreteiro.
Muita facilidade na participação dos presentes
“O fato concreto é que os itens “parafusos e porcas”, especialmente em aplicações submarinas, passou a ser considerado crítico para a Petrobras e algumas revisões nas especificações destes tipos de compras estão sendo empreendidas, elevando-se o rigor técnico. Isso certamente, impactará no grau de qualificação de fornecedores, especialmente quanto aos procedimentos de produção e qualidade dos insumos. Porém, este fato deverá promover um processo natural de melhoria e qualificação de fixadores para aplicações em Oil & Gás. A presença de parceiros da Multialloy, brasileiros e estrangeiros, trouxe enriquecimento aos debates, face aos novos desafios dos materiais para o pré sal, ambiente este que apresenta elevada corrosão e abrasão, onde universidades e empresas do setor estão investindo em pesquisa e desenvolvimento, finalizou”.
Na palestra “Tecnologia sobre Parafusos em Ligas Especiais nos Segmentos Oil & Gás, Químico e Petroquímico”, o diretor industrial da Multialloy, engenheiro Ari Tereran(foto à esquerda), fez uma exposição geral sobre estes tipos de ligas, no sentido de aplicação neste segmento e sua importância, além de destacar o papel da empresa devido ao seu forte conhecimento e atuação. Ele citou, também, a importância da utilização de outras ligas, ainda poucas utilizadas em Oil & Gás, suas vantagens como alternativa, para empresas como a Petrobras e seus fornecedores. Comentou que em muitas ocasiões os fornecedores recebem especificações de seus clientes onde são exigidos alguns requisitos conflitantes. Nestes casos, a engenharia da Multialloy, por exemplo, analisa as normas, especificações e, após reunião com o cliente (e em muitas ocasiões com o cliente do cliente) chega a um acordo técnico, solucionando conflitos, para fornecer sempre o melhor. Ainda no assunto fixadores, Tereran mencionou que algumas empresas encontram problemas de rastreabilidade ao comprar de diversos distribuidores, ao invés de recorrer diretamente aos fornecedores homologados.
Fotos abaixo: Também palestraram Carlos Cunha Dias (1), do Pences/ Petrobras; Gary Martin, da Titanium Industries (2); Paul Montague da Cladtek (3) e Leonardo Naschpitz da Protubo (4).
Segundo o engenheiro Luiz Carlos de Barros, (foto a direita) copresidente da Multialloy, o objetivo da realização desses workshops é apresentar todas as possibilidades que a empresa têm para oferecer aos clientes, ajudá-los a realizar boas compras, dentro da melhor pratica técnica. “Durante os eventos, muitos dos presentes se surpreendem com os novos conceitos e soluções que apresentamos sobre processamento, fabricação de peças e engenharia de aplicação das ligas resistentes à corrosão. Assim, concluímos que este tipo de encontro atende aos nossos objetivos em criar uma relação de parceria e transparência com os clientes, ouvindo-os, nosso primeiro passo para entender suas necessidades, propor soluções e encontrarmos a melhor resposta para os desafios nestas áreas”, concluiu.
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